Série 1520 da CP
Série 1520 | |
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Locomotiva 1417 da Somafel (1525 da CP) em Alcácer do Sal. | |
Descrição | |
Propulsão | Diesel-eléctrica |
Fabricante | American Locomotive Company |
Modelo | RSC 3 3u |
Locomotivas fabricadas | 5 (1521-1525) |
Tipo de serviço | Via |
Características | |
Bitola | Bitola Ibérica (1668 mm) |
Performance | |
Velocidade máxima | 120 km/h |
Operação | |
Ano da entrada em serviço | 1951 |
Situação | Fora de serviço |
A Série 1520 refere-se a uma família de locomotivas, que esteve ao serviço da companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo uma unidade sido vendida à empresa de engenharia ferroviária Somafel.
História
Encomenda e entrada ao serviço
Após o final da Segunda Guerra Mundial, verificou-se uma grande redução nas reservas de carvão no Reino Unido, o que levou a grandes restrições na exportação deste mineral, incluindo a Portugal.[1] Esta medida gerou graves problemas nas operações da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, cuja frota de material motor era composta principalmente por locomotivas a vapor.[1] De forma a tentar resolver este problema, a empresa iniciou, em conjunto com o Estado Português, o Plano de Reequipamento, que tinha como principal propósito a aquisição de novo material circulante, incluindo automotoras e locomotivas a gasóleo, que seria utilizadas para substituir as locomotivas a vapor.[1] Por outro lado, previa-se que o material circulante a gasóleo também teria menores despesas de manutenção, o que era de grande importância dada a crise que os caminhos de ferro estavam a passar na altura, devido à expansão do transporte rodoviário.[2]
Devido à incapacidade da indústria europeia para fabricar este tipo de material, a companhia virou-se então para os Estados Unidos da América,[3] tendo encomendado à firma American Locomotive Company um lote de doze locomotivas, que posteriormente foram classificadas como parte da Série 1500.[3][4] Em 5 de Setembro de 1950 a empresa assinou um contrato com a Caixa Geral de Depósitos, que outorgou como representante do Fundo de Fomento Nacional, de forma a obter parte dos fundos do Plano Marshall para adquirir mais locomotivas a gasóleo.[2] Devido ao excelente serviço prestado pelas anteriores locomotivas, decidiu-se que parte da encomenda deveria ser composta por mais cinco máquinas do mesmo tipo.[3] As novas locomotivas apresentavam motores igual ao das suas antecessoras, mas alcançavam uma potência ligeiramente superior, devido a várias melhorias introduzidas no motor.[3]
O valor total da encomenda, em conjunto com um outro lote de doze locomotivas que foram fabricadas pela Baldwin Locomotive Works, foi de 95:882.400$00, valor limite para o financiamento por parte do Plano Marshall.[2]
As três primeiras locomotivas chegaram nos princípios de Outubro de 1951, transportadas pelo navio Expeditor e descarregadas no Cais de Santa Apolónia. Em 16 de Outubro, a Gazeta dos Caminhos de Ferro relatou que estava prevista a chegada de mais duas unidades a bordo do navio Monte Brasil ainda no mesmo mês, e que toda a série iria entrar ao serviço até ao final de Novembro.[5] Com efeito, toda a série iniciou os seus serviços ainda nesse ano.[3][6]
Décadas de 1980 e 1990
Na Década de 1980, as locomotivas das séries 1500 e 1520 foram utilizadas para rebocar comboios de gasóleo desde Sines até à central eléctrica de Tunes, serviço que teve uma curta duração.[7] Estas duas séries também rebocaram os comboios directos do Barreiro a Lagos, no lanço do Barreiro a Tunes, e os comboios regionais 4702 e 4703, do Barreiro a Vila Real de Santo António.[7]
Em 27 de Novembro de 1999, a locomotiva número 1525 participou numa composição especial até Sines, utilizando o antigo esquema de cores verde e branco da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[8]
Fim do serviço na CP
No final de 2000, já só restavam ao serviço as unidades 1524 e 1525, tendo as outras três sido retiradas ao serviço.[8] Em 1 de Janeiro de 2001, toda as locomotivas desta série foram abatidas ao serviço pela operadora Comboios de Portugal, no âmbito de um plano de redução de custos daquela empresa, que se debruçou sobre as locomotivas mais antigas, ou menos idóneas para as condições de exploração.[8]
Em 2001, estavam quatro locomotivas desta série fora de serviço, restando a 1525 — encostada para ser vendida ou abatida ao serviço, tendo sido prevista a sua integração no Museu Nacional Ferroviário.[8] No entanto, acabou por ser adquirida pela empresa de manutenção ferroviária SOMAFEL, para ser utilizada no reboque dos vagões e dos veículos especiais de via entre os estaleiros e as frentes de obra.[9] Até 2022, as restantes haviam sido entretanto[quando?] demolidas.[carece de fontes?]
Caracterização
Esquemas de cores e serviços
Em 2005, já tinham passado por sete esquemas de cores distintos, como o verde e prata original, e as versões azul e branca, e laranja.[10]
Em 1992, encontravam-se a rebocar serviços suburbanos entre o Barreiro e Praias do Sado.[11]
Caracterização técnica
Esta série era formada por 5 locomotivas[8] a tracção diesel-eléctrica[6] de bitola ibérica,[8] do tipo RSC 3 3u; tinham uma potência de 1730 cavalos-vapor ou 1273 quilowatts, uns rodados na disposição (A 1A) (A 1 A), e podiam atingir até 120 quilómetros por hora.[6][5] Originalmente, dispunham de uma caldeira vertical para aquecimento da locomotiva, que lhes foi retirada na Década de 1970.[3]
Estas locomotivas estiveram entre as mais pesadas dos Caminhos de Ferro Portugueses, não podendo circular pela Ponte D. Maria Pia, uma vez que esta estrutura não conseguia suportar o seu peso por eixo.[12]
Ficha técnica
- Informações diversas:
- Características gerais
- Tipo da locomotiva (construtor): RSC 3 3u[6][3]
- Potência nominal (rodas): 1730 Cv / 1273 kW[6]
- Disposição dos rodados: (A 1A) (A 1 A)[6]
- Características de funcionamento
- Velocidade máxima: 120 km/h[6][5]
Lista de material
: | qt. | estado |
---|---|---|
710⏩︎ | 1 | vendida, em Portugal |
810⛛︎ | 2 | abatidas |
860🔧︎ | 2 | para peças |
5 | (total) |
№ | : | a | observações |
---|---|---|---|
1521 | 860🔧︎ | 2001 | Fora de serviço, para fornecer peças a outras unidades.[8] |
1522 | 860🔧︎ | 2001 | Fora de serviço, para fornecer peças a outras unidades.[8] |
1523 | 810⛛︎ | 2001 | Fora de serviço.[8] |
1524 | 810⛛︎ | 2001 | Fora de serviço.[8] |
1525 | 710⏩︎ | 2018 | Ao serviço da Somafel (2018)[9] |
Ver também
Referências
- ↑ a b c ERUSTE, Manuel Galán (1998). «Exposición ferroviaria: 50 Años de la Traccion Diesel en Portugal». Maquetren (em espanhol). 6 (71). Madrid: Revistas Profesionales. p. 18
- ↑ a b c «A C. P. e a acção do seu respectivo Conselho de Administração, em 1950» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 64 (1528). 16 de Agosto de 1951. p. 239-240. Consultado em 9 de Setembro de 2018
- ↑ a b c d e f g MARTINS et al, 1996:92
- ↑ REIS et al, 2006:106
- ↑ a b c «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 64 (1532). Lisboa. 16 de Outubro de 1952. p. 335. Consultado em 8 de Setembro de 2018
- ↑ a b c d e f g h «CP withdrawn locomotives» (em inglês). Railfaneurope. 12 de Fevereiro de 2011. Consultado em 11 de Fevereiro de 2011
- ↑ a b DUARTE, Vasco (2005). «O Ramal Ferroviário do Barlavento Algarvio». Foguete. 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 47-54. ISSN 124550 Verifique
|issn=
(ajuda) - ↑ a b c d e f g h i j k l m n CONCEIÇÃO, Marcos A. (Julho de 2001). «Caminhos de Ferro Portugueses: Cambios en la Tracción». Maquetren (em espanhol). 10 (100). Madrid: Revistas Profesionales. p. 74-77
- ↑ a b «Locomotiva Diesel-Eléctrica» (PDF). SOMAFEL. Consultado em 10 de Setembro de 2018
- ↑ GUILLÉN, José Menchero (Novembro de 2005). «Proyectos de la marca portuguesa Norbrass». Via Libre (em espanhol). 42 (491). p. 85
- ↑ «Concurso Fotografico». Maquetren (em espanhol). 3 (21). Madrid. 1994. p. 26
- ↑ OJANGUREN, Arturo E. Sanchez (Dezembro de 1979). «Portugal se Esfuerza en la Modernizacion de sus Ferrocarriles». Via Libre (em espanhol). 16 (191). Madrid: Gabinete de Información y Relaciones Externas de RENFE. p. 17
Bibliografia
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
Ligações externas
- «Página com fotografias das locomotivas da Série 1520, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Série 1520, no sítio electrónico Trainlogistic»
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Tipologia ↓ | diesel / gasolina / gasogénio | vapor: carvão / óleo | elétrica: IP: 25 kV / 50 kHz ou (*) 1500 V; outras redes q.v. | ← Tracção | ||||||||
Estado → | em serviço | fora de serviço (ou uso ocasional) | em serviço | Bitola ↓ | ||||||||
Rede IP (Notas: A itálico, séries com uso partilhado entre a C.P. e outras empresas, simult. ou não; a itálico sublinhado, séries usadas exclusivamente por outra empresa.) | ||||||||||||
automotoras | “592” | remodelados | M1 0050 0100 0500 0750 0600 0650 | 1001 Z1 | 2000 2050 2080 ABm1-18→ | remodelados | 2300 2400 3400 3500 4000 | 1668 mm (ibérica) | ||||
VIP⎱ 0350⎰ 0450← | ←0300 ←0400 | 2100⎫ 2150⎬ 2200⎭ ⎰*3100→ ⎱*3200→ | →2240 →3150* →3250* | |||||||||
9630 | 9500← | ←9700─╮ 9400←╯ | ME1 ME21 9050 9100 9300 9600 | (Vale do Lima) | (não existe atualmente tração elétrica na rede ferroviária métrica da IP) | 1000 mm (métrica) | ||||||
locomotivas | 9000 9020 Lydya |
| ||||||||||
1200 1400 1500 1520 1900 1930 6000 | 1300 1320 1550 1800 1960 |
| 2500 2550 3300* | 2600 2620 4700 5600 | 1668 mm (ibérica) | |||||||
locotratoras | 1150 | 1000 1020 1050 1100 | 005 | |||||||||
Redes locais (excl. sistemas de frota fixa específica, como funiculares e teleféricos) | ||||||||||||
bondes |
| STCP200 STCP270 STCP280 | 1435 mm (padrão) | |||||||||
automotoras | ML7 ML79 | ML90 ML95 ML97 ML99 ML200 | ||||||||||
LRVs, articulados | MP000 MP100 MP200 C000 | |||||||||||
CCFL501 CCFL601 | 900 mm | |||||||||||
bondes | TUB1 |
| CCFL001 CCFL003 CCFL005 CCFL541 CCFL701 CCFL737 | |||||||||
(PdV-VdC) | (CCFTNA) (CFPLER) | SMTUC01 SMTUC03 SMTUC16 | (CSA) | 1000 mm (métrica) | ||||||||
locomotivas | CSA 23074 | (Pomarão) | ||||||||||
(Transpraia) (P.d’El-Rei) | (Mira) (CFPL) | 600 mm | ||||||||||
(JAPH) N0(JAPPD) | 2140 mm | |||||||||||
Estado → | em serviço | fora de serviço | em serviço | Bitola ↑ | ||||||||
Tipologia ↑ | diesel / gasolina / gasogénio | vapor: carvão / óleo | elétrica | ← Tracção | ||||||||
Ver também: Linhas • Serviços • Empresas • Multimédia • Acidentes |
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