Hemidictyaceae

Família monotípica de pteridófitas
Como ler uma infocaixa de taxonomiaHemdictyaceae
Hemidictyum
Hemidictyum marginatum
Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl
Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Pteridophyta
Clado: eupolypods II
Classe: Polypodiopsida
Ordem: Polypodiales
Família: Hemidictyaceae
Christenh. & H.Schneider
Género: Hemidictyum
C.Presl[1]
Espécie: H. marginatum
Nome binomial
Hemidictyum marginatum
(L.) C.Presl[2]
Sinónimos[2]
  • Allantodia marginata Racib.
  • Asplenium limbatum Willd.
  • Asplenium marginatum L.
  • Asplenium mikanii C.Presl
  • Athyrium marginatum Milde
  • Diplazium giganteum Karst.
  • Diplazium limbatum (Willd.) Proctor
  • Diplazium marginatum Diels
  • Hemidictyum limbatum (Willd.) C.Presl
  • Hemidictyum peruvianum C.Presl

Hemdictyaceae é uma família monotípica da ordem Polypodiales,[3] reconhecida pelo Pteridophyte Phylogeny Group em 2016 no sistema PPG I,[4][5] cujo único género extante é Hemidictyum, também um táxon monotípico, tendo como única espécie Hemidictyum marginatum.[6] Alternativamente, a família, juntamente com Aspleniaceae sensu stricto, pode ser colocada numa família Aspleniaceae muito mais amplamente definida como a subfamília Asplenioideae.[7]

Diversidade taxonômica

Essa família de samambaias é constituída por apenas um gênero, Hemidictyum, inicialmente descrito por Karel Bořivoj Presl em 1836.[8]

Atualmente, o único gênero da família também é considerado monotípico, apresentando apenas sua espécie tipo, Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl,.[9]

São plantas terrícolas e herbáceas de grande porte, podendo ultrapassar dois metros de altura.[10]

Morfologia

Essa samambaia é caracterizada por frondes bipinatifitas com pecíolos verticais, em média de 0,5 a 1,5m, com pares de pinas opostas, verde brilhante e glabras (sem pelos ou tricomas), de forma oblonga, subitamente pontiaguda na extremidade. Outra característica marcante das pinas para a taxonomia são suas veias: apresentam-se livres próximas do pecíolo, tornando-se anastomosadas nas extremidades. O rizoma apresenta escamas acastanhadas e lanceoladas por toda a borda e, às vezes, no início dos pecíolos também.

Na superfície abaxial das pinas, especialmente onde as veias são livres, estão posicionados os soros. Estes são conspícuos por suas formas lineares e de comprimento variável, possuindo indúsio membranoso e bastante fino, cuja abertura é distal.[11]

Fotografias de observações e exsicatas que ilustram detalhadamente a morfologia da espécie foram reunidas e podem ser observadas em uma página própria do GBIF (Global Biodiversity Information Facility)[12].

Taxonomia e filogenia

Antes de ser reconhecida pelo Pteridophyte Phylogeny Group, em 2016,[4] a família Hemidictyaceae era vista como um gênero e inserida dentro de famílias maiores, por exemplo, Woodsiaceae ou Diplaziopsidaceae, na visão de Smith et  al., 2006,[13] e  Christenhusz et  al.,  2011,[3] respectivamente. O gênero Hemidictyum inicialmente englobava mais espécies,[8] e já houve confusões com outros táxons, especialmente plantas do gênero Diplazium, graças à sua semelhança morfológica.[14]

O nome genérico Hemidictyum deriva dos termos do grego clássico hemi (metade) e diktyon (rede), devido ao facto de as nervuras estarem ligadas apenas a meio das pínulas.[15]

Filogenia

Hemidictyaceae é considerada uma família irmã de Aspleniaceae s.l., que se acredita ter divergido durante o período Cretáceo.[16][17] Atualmente, é possível inferir que a família Aspleniaceae é seu grupo irmão. Evidências da relação entre essas famílias foram apontadas no trabalho de Rothfels,[18] indicando que sua separação ocorreu por volta do final do Cretáceo. Ambas podem ser agrupadas com outras famílias próximas num clado informal denominado Aspleniineae ou Eupolypods II,[19] estipulando suas possíveis relações filogenéticas.

O cladograma para a subordem Aspleniineae (como eupolipódios II), baseado em Lehtonen (2011),[20] e Rothfels & al. (2012),[21] mostra uma provável relação filogenética entre as Hemidictyaceae e as demais famílias do clado. O cladograma é o seguinte:

 eupolypods II  

Cystopteridaceae

Rhachidosoraceae

Diplaziopsidaceae

Aspleniaceae

Hemidictyaceae

Thelypteridaceae

Woodsiaceae

Onocleaceae

Blechnaceae

Athyriaceae

Espécies

Atualmente, existe apenas uma espécie de “Hemidictyum” aceite, Hemidictyum marginatum.[1] Inicialmente, essa espécie foi descrita dentro de outro gênero existente, então denominada Asplenium marginatum, L., 1753. Também é encontrada na literatura sob os seguintes sinónimos taxonómicos:[22][23]

  • Allantodia marginata Racib. (1905)
  • Asplenium limbatum Willd. (1810)
  • Asplenium mikanii C.Presl (1822)
  • Athyrium marginatum Milde (1870)
  • Diplazium giganteum Karst (1850)
  • Diplazium limbatum (Willd.) Proctor (1966)
  • Diplazium marginatum [[Diels (1899)
  • Hemidictyum limbatum (Willd.) C.Presl (1851)
  • Hemidictyum peruvianum C.Presl (1851)

Distribuição geográfica

Hemidictyum é um género nativo da região neotropical, com ocorrência confirmada na América do Sul, Caribe, América Central e no sul da América do Norte, tendo como domínios morfoclimáticos florestas ombrófilas e zonas de várzea da floresta amazônica. Mais especificamente, foi relatada nos seguintes países[22]: Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Dominica, Equador, Estados Unidos (em Porto Rico), Guatemala, Guadalupe, Guiana Francesa, Honduras, Jamaica, Martinica, México (na região sul: Chiapas, Oaxaca, Tabasco e Veracruz[14]), Montserrat, Nicarágua, Panamá, Peru, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Névis, Suriname, Trinidad e Tobago e, por fim, na Venezuela.[6][24]

No Brasil, sua ocorrência frequentemente relaciona-se com a presença da Mata Atlântica, mas pode ser encontrada em outros domínios. A espécie Hemidictyum marginatum foi documentada no Acre, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.[23][25]

Referências

  1. a b «Hemidictyum C.Presl». Plants of the World Online. Royal Botanic Gardens, Kew. Consultado em 28 de novembro de 2019 
  2. a b «Hemidictyum marginatum (L.) C.Presl». Plants of the World Online. Royal Botanic Gardens, Kew. Consultado em 28 de novembro de 2019 
  3. a b Christenhusz, M. J. M.; Zhang, X. C.; Schneider, H. A linear sequence of extant families and genera of lycophytes and ferns. Phytotaxa, 2011.
  4. a b PPG I - Schuettpelz, E. et al. A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution, vol.54, ed. 6, p. 561-705, nov/2016.
  5. PPG I (2016). «A community-derived classification for extant lycophytes and ferns». Journal of Systematics and Evolution. 54 (6): 563–603. doi:10.1111/jse.12229Acessível livremente 
  6. a b «Hemidictyum marginatum». Bases de dados de PLANTS. Natural Resources Conservation Service. Consultado em 4 fevereiro 2012 
  7. Christenhusz, Maarten J.M.; Chase, Mark W. (2014). «Trends and concepts in fern classification». Annals of Botany. 113 (9): 571–594. PMC 3936591Acessível livremente. PMID 24532607. doi:10.1093/aob/mct299 
  8. a b Presl, C. B. Tentamen Pteridographiae: seu genera filicacearum praesertim juxta venarum decursum et distributionem exposita. Typis Filiorum Theophili Haase, Praga, 1836.
  9. Hernández, O. R. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl observado em Porto Rico por Octavio Rivera Hernández. iNaturalist, 2022. (Licenciado sob <http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/>).
  10. Croat, T. B. Flora of Barro Colorado Island. Stanford University Press, 1978. DSpace Repository, Smithsonian Research Online.
  11. Della, A.P.; VASQUES, D.T. Hemidictyaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
  12. GBIF Secretariat. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl. GBIF Backbone Taxonomy, 2022. Disponível em: <https://www.gbif.org/pt/species/2650883>.
  13. Smith, A. R. et al. A classification for extant ferns. TAXON, vol. 55, n. 3, pg. 705-731, ago/2006.
  14. a b Palacios-Rios, M., Arana, M. D. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl (Hemidictyaceae), novo registro para Veracruz, México. Polibotânica, n.45, p.7-13, jan/2018.
  15. The Fern Manual, being a description of all the best stove, greenhouse and hardy ferns by contributors to the Journal of Horticulture p.69, London, 1863.
  16. Maarten J. M. Christenhusz; Xian-Chun Zhang; Harald Schneider (2011). «A linear sequence of extant families and genera of lycophytes and ferns» (PDF). Phytotaxa. 19: 7–54. doi:10.11646/phytotaxa.19.1.2 
  17. Maarten J. M. Christenhusz; Harald Schneider (2011). «Corrections to Phytotaxa 19: Linear sequence of lycophytes and ferns» (PDF). Phytotaxa. 28: 50–52. doi:10.11646/phytotaxa.28.1.6. hdl:10138/28050 
  18. Rothfels, C. J. et al. Overcoming Deep Roots, Fast Rates, and Short Internodes to Resolve the Ancient Rapid Radiation of Eupolypod II Ferns, Systematic Biology, Volume 61, Issue 3, May 2012, Page 490
  19. Lehtonen, S. Towards Resolving the Complete Fern Tree of Life. PLoS ONE, vol. 6, ed. 10, 2011.
  20. Samuli Lehtonen (2011). «Towards Resolving the Complete Fern Tree of Life» (PDF). PLOS ONE. 6 (10): e24851. Bibcode:2011PLoSO...624851L. PMC 3192703Acessível livremente. PMID 22022365. doi:10.1371/journal.pone.0024851Acessível livremente 
  21. Carl J. Rothfels; Anders Larsson; Li-Yaung Kuo; Petra Korall; Wen- Liang Chiou; Kathleen M. Pryer (2012). «Overcoming Deep Roots, Fast Rates, and Short Internodes to Resolve the Ancient Rapid Radiation of Eupolypod II Ferns». Systematic Biology. 61 (1): 490–509. PMID 22223449. doi:10.1093/sysbio/sys001Acessível livremente 
  22. a b Royal Botanic Gardens, Kew. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl. Plants of the World Online.
  23. a b Sitema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil e Lista da Flora do Brasil 2020.
  24. «Hemidictyum marginatum». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN). Consultado em 12 janeiro 2018 
  25. U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, National Plant Germplasm System). Germplasm Resources Information Network (GRIN Taxonomy). National Germplasm Resources Laboratory, Beltsville, Maryland, 2023.
  • v
  • d
  • e
Classificação dos pteridófitos
  • Supergrupo Plantae:
  • Bryophyta
  • Marchantiophyta
  • Polypodiophyta
  • Acrogymnospermae
  • Angiospermae
Clado basal
Cladoxylopsida
  • †Cladoxylales
    • †Cladoxylaceae
    • †Voelkeliaceae
  • †Hyeniales
    • †Hyeniaceae
  • †Iridopteridales
    • †Iridopteridaceae
  • Pseudosporochnales
  • †Steloxylales
    • †Steloxylaceae
Polypodiopsida
†Stauropterididae
  • †Stauropteridales
    • †Stauropteridaceae
†Zygopterididae
  • †Rhacophytales
    • †Rhacophytaceae
  • †Zygopteridales
    • †Zygopteridaceae
Equisetidae
  • †Pseudoborniales
    • †Pseudoborniaceae
  • †Sphenophyllales
    • †Aspidostachyaceae
    • †Boegendorfiaceae
    • †Boegendorfiaceae
    • †Eviostachyaceae
    • †Sphenophyllaceae
Equisetales
  • †Asterocalamitaceae
  • †Autophyllitaceae
  • †Honseleriaceae
  • †Archaeocalamitaceae
  • †Paracalamitaceae
  • Calamitaceae
  • †Apocalamitaceae
  • †Konnostachyaceae
  • †Manchurostachyaceae
  • †Notocalamitaceae
  • †Schizoneuraceae
  • †Sorocaulinaceae
  • †Echinostachyaceae
  • †Gondwanostachyaceae
  • †Tchernoviaceae
  • Equisetaceae
Ophioglossidae
Psilotales
Ophioglossales
Marattiidae
Marattiales
  • †Knorripteridaceae
  • †Pecopteridaceae
  • †Ptychocarpaceae
  • †Weichseliaceae
  • †Asterothecaceae
  • †Danaeopsidaceae
  • Marattiaceae
Polypodiidae
  • †Anachoropteridales
    • †Anachoropteridaceae
    • †Psalixochlaenaceae
    • †Sermayaceae
  • †Botryopteridiales
    • †Botryopteridiaceae
  • †Senftenbergiales
    • †Senftenbergiaceae
  • †Urnatopteridales
    • †Crossothecaceae
    • †Discopteridaceae
    • †Urnatopteridaceae
Osmundales
Hymenophyllales
Gleicheniales
Schizaeales
Salviniales
Cyatheales
Thyrsopteridineae
Cyatheineae
Polypodiales
Saccolomatineae
Lindsaeineae
Pteridineae
Dennstaedtiineae
Aspleniineae
Polypodiineae