Sosso-bala

Espaço cultural do sosso-bala
Património Cultural Imaterial da Humanidade
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Em 2017, o balatigui, El Hadji Sékou Kouyaté, toca o sosso-bala numa cerimónia solene
País(es) Guiné
Domínios Artes cénicas
Técnicas artesanais tradicionais
Referência en fr es
Região África
Inscrição 2008 (3.ª sessão)
Lista Lista Representativa

O sosso-bala é um balafom, um instrumento musical do tipo do xilofone e que é considerado como o símbolo de liberdade e coesão do povo Mandinga, disperso por um território da África Ocidental que pertenceu ao Império do Mali. O sosso-bala tem um comprimento aproximado de 1,5 m, sendo formado por 20 lâminas talhadas de diversas dimensões (45 cm a 75 cm), e 32 cm. Debaixo de cada uma destas está colocada uma cabaça que atua como caixa de ressonância.[1][2]

Segundo a Epopeia de Sundiata, este instrumento pertenceu e foi originalmente tocado pelo rei Sumangaru Cante, rei dos sossos, que subiu ao trono no século XIII. Este confiou-o ao seu griô Bala Fassequê.[3] Sundiata Queita derrotou Cante na Batalha de Quirina em 1235[4][5][6], adquiriu o balafom e fez de Fassequê o seu protetor e guardião. Desde então, tem acompanhado ao longo dos séculos a transmissão dos poemas épicos, principalmente o épico de Sundiata e os hinos à glória do fundador do império do Mali.[1]

O sosso-bala original mudou de local ao longo dos séculos, sendo regularmente movido entre os atuais Mali e Guiné. Presentemente encontra-se perto da fronteira entre os dois países, sendo mantido, com outros objetos sagrados e históricos, numa cabana de terra na aldeia de Niagassola, na prefeitura de Siguiri, região de Cancã, no norte da Guiné. Niagassola é a terra natal da família Docala, à qual pertencem os feiticeiros Kouyaté de Niagassola.[7] O balatigui, patriarca da família Docala, é o guardião do instrumento e só pode tocar em certas ocasiões, como no Ano Novo islâmico ou em alguns funerais. Também é responsável pelo ensino do balafom tradicional a crianças a partir dos sete anos de idade.[1]

Além da infraestrutura precária e das difíceis condições de vida em Niagassola, a diminuição progressiva do número de alunos devido ao êxodo rural é considerado como um dos principais fatores que ameaçam a continuidade desta tradição musical. No entanto, o balatigui e outros membros da família Docala ainda ocupam uma posição importante dentro da sociedade mandinga, tendo-se comprometido a ensinar as técnicas relacionadas com o sosso-bala às gerações futuras[1]

O espaço cultural do sosso-bala foi integrado pela UNESCO na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2008,[1] após ter sido proclamado originalmente como Obra-Prima do Património Cultural Imaterial da Humanidade em 2001.[1]

Ligações externas

Referências

  1. a b c d e f UNESCO. «El espacio cultural del sosso-bala» (em espanhol). Consultado em 31 de março de 2019 
  2. Djibril Tamsir Niane (1974). «Histoire et tradition historique du Manding». Présence africaine (89): 59–74 [63]. doi:10.3917/presa.089.0059 .
  3. Youssouf, Tata Cissé; Wa Kamissoko (1988). La grande geste du Mali: Des origines à la fondation de l'empire, traditions de Krina aux colloques de Bamako. Col: Hommes et sociétés. Paris: Éditions Karthala e Association pour la recherche scientifique en Afrique noire. p. 165. ISBN 2-86537-206-5  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
  4. Niane 2010, p. 151.
  5. Silva 2009.
  6. Lopes 2017.
  7. jumbierecords.com. «Preserving the Sosso Bala» (em inglês). Consultado em 31 de março de 2019 

Bibliografia

  • Lopes, Nei Lopez; Macedo, José Rivair (2017). «Kurukan Fuga; Carta do Mandinga». Dicionário de História da África: Séculos VII a XVI. Belo Horizonte: Autêntica  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • Niane, Djibril Tamsir (2010). «6 - O Mali e a segunda expansão manden». História Geral da África – Vol. IV – África do século XII ao XVI. São Carlos: Universidade de São Carlos; UNESCO 
  • Silva, Alberto da Costa (2009). «11 - Mali». A Enxada e a Lança - A África Antes dos Portugueses. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira Participações S.A. ISBN 978-85-209-3947-5