Revolução Sertaneja
Revolução Sertaneja | |
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Jagunços armados. | |
Participantes | Horácio de Matos Ruy Barbosa Otávio Mangabeira Entre outros |
Localização | Bahia |
Resultado | Convênio dos Lençóis |
A Revolução Sertaneja foi um movimento de caráter regional, em que coronéis e seus jagunços buscavam impedir a posse de José Joaquim Seabra, candidato de Antônio Muniz.[1]
Antecedentes
O principal mecanismo da Primeira República foi a chamada "política dos governadores", que se baseava em um sistema eleitoral viciado: o voto era aberto, as fraudes eram amplas e o reconhecimento dos candidatos eleitos se dava não pelo Poder Judiciário, mas pelo próprio Poder Legislativo.[2] Por causa disto, embora José Joaquim Seabra tivesse popularidade e o apoio federal, não poderia assumir, pois as duas casas do Legislativo baiano eram, em sua maioria, de deputados e senadores severinistas e marcelinistas - grupos tradicionais do Estado que eram seus adversários.
Em 1912, o presidente era Hermes da Fonseca, que em um rompimento parcial com a política dos governadores, conduzia então a polêmica "política das salvações", cujo objetivo era ocasionar a intervenção política nos Estados brasileiros e colocá-los sob o comando de aliados do governo federal, centralizando o governo e limitando o poder das oligarquias regionais.[3]
Com a divisão do grupo que então dominava a Bahia por causa das disputas políticas à presidência da República, então, o cenário político local havia caído no caos; o governador renunciou, o seu sucessor se recusou a assumir o cargo e um inimigo do governo central, Aurélio Rodrigues Vianna, pôde assumir o poder na Bahia. A situação forneceu o pretexto necessário, portanto, para que o presidente decretasse intervenção federal, com o objetivo de manter no poder os seus aliados políticos. O general Sotero de Menezes, então, ordenou o traumático bombardeio de Salvador, em que a cidade foi atingida por suas próprias fortalezas, construídas com o objetivo de protegê-la.[4] Com a deposição do governador, então, após um breve intervalo sob o comando de Bráulio Xavier, assumiu Seabra, antigo aliado do governo central e que teria apoiado a ação violenta - algo que, junto às suas suas agressivas intervenções urbanas, lhe colecionou múltiplos oposicionistas.[5]
Após o seu primeiro mandato (1912-1915), Seabra concorreu novamente em 1919, em eleições que sofreram forte rejeição popular, devido a acusações de fraude.[6] Simultaneamente, Ruy Barbosa, que comandava pessoalmente a campanha de seu adversário e iniciava uma cruzada de oposição ao governo federal, viu nos coronéis e nos milhares de sertanejos descontentes do interior um auxílio para se opor ao governo.
A Revolução
A década de 20 foi o auge do coronelismo em Lençóis, com o famoso Horácio de Matos tendo se tornado o mais poderoso chefe de jagunços.[7]
Após o anúncio da Revolução a Epitácio Pessoa, diversas cidades da região foram ocupadas pelas tropas dos coronéis, na chamada marcha contra Salvador. Em 23 de fevereiro de 1920, então, sob pedido do governo estadual, o presidente declarou intervenção federal sobre a região, enviando 10 mil homens para garantir a posse de Seabra, que consegue chegar ao poder. O General Cardoso Aguiar, entretanto, achou por bem realizar um acordo com Horácio de Matos, o chamado Convênio dos Lençóis.[8]
O acordo garantiu a Horácio a chefia sobre onze cidades no entorno da região da Chapada Diamantina, anistia pelos atos praticados durante a revolução, o direito a eleger dois deputados estaduais e a eleger um senador estadual. Além disso, também foram garantidos mais investimentos para o interior baiano, com a construção de estradas, escolas e hospitais[6] Tais acordos foram vistos como vitórias do coronel nos meios políticos da época, visto que permitiram que se transformasse em governador do sertão, ainda que não tivesse conseguido impedir a posse de Seabra.[1]
Referências
- ↑ a b «Revolução Sertaneja - Exército Brasileiro - Braço Forte e Mão Amiga». Exército Brasileiro. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «A 1ª República». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «Política das salvações - História». InfoEscola. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «História Hoje: Salvador era bombardeada por tropas federais há 105 anos». Agência Brasil | Radioagência. 10 de janeiro de 2017. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Lyrio, Alexandre (6 de setembro de 2015). «Bombardeio em Salvador levou ao poder J.J. Seabra, o homem por trás da Avenida». Jornal Correio. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b Line, A. TARDE On. «Revolução Sertaneja festeja centenário». Portal A TARDE. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Maciel, Frederico Bezerra (1988). Lampião, seu tempo e seu reinado. [S.l.]: Vozes
- ↑ «Revolução Sertaneja - Exército Brasileiro - Braço Forte e Mão Amiga». Exército Brasileiro. Consultado em 27 de março de 2021
- Portal da Bahia
- Portal da história