Parapolítica

Assinatura dos líderes paramilitares e dois políticos colombianos no Pacto de Ralito, documento em que concordavam em buscar a "refundação" da Colômbia.

Parapolítica é o escândalo político que irrompeu na Colômbia a partir de 2006 pela revelação de vínculos entre políticos e paramilitares após o processo de desmobilização contra diversos dos grupos que formavam as Autodefesas Unidas da Colômbia. Na Colômbia, são chamados de "paramilitares" os grupos armados ilegais de extrema-direita que se intitulam como autodefensas e estão normalmente ligados ao tráfico de drogas.

De acordo com as investigações e condenações judiciais, vários líderes políticos e alguns funcionários do Estado se beneficiaram dessas parcerias por meio de intimidação e da ação armada dos grupos paramilitares contra a população civil, alguns alcançaram cargos em prefeituras, conselhos, assembleias municipais e governamentais, bem como no Congresso da República e outros órgãos estaduais.[1] Por sua vez, esses políticos desviavam recursos para o financiamento e a formação de grupos armados ilegais e "filtravam" informações para facilitar e beneficiar as ações desses grupos em massacres, assassinatos seletivos, deslocamento forçado, dentre outras ações criminosas a fim de ampliar seu poder no território nacional.[2]

O escândalo irrompeu em meio as revelações dos meios de comunicação, grupos políticos e investigações criminais que levaram à prisão e condenação de vários deputados e outros políticos em exercício, conduzindo a debates e fortes controvérsias que polarizaram a opinião pública. A vinculação ao processo de investigação por parte do Ministério Público e da Suprema Corte de Justiça dos funcionários e políticos próximos ao então presidente Álvaro Uribe afetou as relações internacionais desse governo com o Congresso dos Estados Unidos e com diferentes organizações de direitos humanos,[3] uma vez que gerou um forte confronto entre a Suprema Corte e o governo do presidente Uribe que se acusaram mutuamente de conspiração.[4] Além disso, a legitimidade do Congresso foi fortemente questionada, por causa do crescente número de congressistas envolvidos no escândalo. Desde agosto de 2008, o Tribunal Penal Internacional está considerando um processo judicial dentro do escândalo.[4]

Em fevereiro de 2007, o senador colombiano Jorge Enrique Robledo sugeriu um outro termo, "parauribismo", indicando que o escândalo estava afetando principalmente funcionários ou aliados políticos do governo do presidente Álvaro Uribe.[5]

Em 17 de abril de 2012, 139 membros do Congresso estavam sob investigação. Cinco governadores e 32 deputados, incluindo Mario Uribe Escobar, primo do presidente Uribe e ex-presidente do Congresso, foram condenados.[6]

Referências

  1. El Tiempo. «De 13 expresidentes del Senado, 12 investigados por 'parapolítica'» 
  2. «Las pruebas hablan por sí solas». Semana. 11 de novembro de 2006. Arquivado do original em 12 de maio de 2008 
  3. «Nancy Pelosi le exige a Álvaro Uribe condenar a los militares que tengan nexos con paramilitares». Semana. 5 de março de 2007. Arquivado do original em 4 de junho de 2007 
  4. a b «Se agudiza choque entre gobierno y Tribunal de Colombia; llega a Corte Internacional». La Jornada. 25 de agosto de 2008. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2009 
  5. (em castelhano) 'Parapolítica' generó enfrentamiento entre congresistas y ministros Arquivado em 2007-03-03 na Archive.today, El Tiempo, 28 de fevereiro de 2007.
  6. «37 Colombian congressmen, 5 governors convicted for ties to paramilitaries». Colombia Reports. 16 de maio de 2012 

Ligações externas

Notas

  • Semana
    • La hora de la verdad del paramilitarismo
    • Para entender la para-política
    • El personaje del año 2006: El fantasma paramilitar
  • El Espectador (fonte original), El trasfondo del acuerdo de Ralito Los secretos del Plan Birmania

Outros

  • Parapolítica. La ruta de la expansión paramilitar y los acuerdos políticos[ligação inativa]. Libro sobre la parapolítica publicado por la Fundación Nuevo Arcoiris disponible gratuitamente en PDF.