Imigração em Portugal

Bandeiras dos países de origem das principais comunidades de imigrantes no concelho do Seixal (ordem alfabética e das bandeiras): Angola, Brasil, Cabo Verde, China, Guiné-Bissau, Índia, Moçambique, Rússia, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Ucrânia. (Nos extremos: bandeiras de Portugal, União Europeia, Seixal e Amora)

O processo de imigração em Portugal teve vários momentos, desde a fixação de diferentes povos no processo de criação da nação portuguesa ao longo de milhares de anos, passando pelo mundo dos dias de hoje, com a imigração proveniente das suas ex-colónias, da Europa de Leste, ou, até mesmo, a imigração sénior de luxo proveniente de outros países da União Europeia, que devido à criação desse espaço comum e ao desejo dos europeus do Norte da Europa se fixarem nos países do Sul para passarem o resto das suas vidas, depois de uma vida de trabalho.

Portugal, tal como a Espanha, passou de um país de emigração para um país de imigração, ou seja, a entrada de pessoas é superior à saída.

Em 2023, viviam em Portugal 1.733.067 cidadãos estrangeiros, dos quais 368.449, ou 35,3%, eram brasileiros.[1]

O povoamento do território

Os imigrantes encontram-se principalmente no litoral, procurando as melhores condições de vida possíveis. Visto que a maior parte da população portuguesa situa-se no litoral, há aí mais hipóteses de os imigrantes encontrarem emprego.

A descolonização

Nos anos 70 do século XX, com a descolonização começam a surgir e a crescer uma comunidade cabo-verdiana inicial, a que mais tarde se junta uma comunidade africana lusófona, de destacar angolanos. Apesar de ter sido sempre em pequenas proporções, a regularidade fez com que esta fosse adquirindo um peso crescente na comunidade portuguesa. A maioria desta comunidade fixou-se em volta da cidade de Lisboa.

Imigração actual

Até aos anos 90 do século XX, a maioria da imigração em Portugal era oriunda de países lusófonos, dada a aproximidade cultural e línguística. No entanto, a partir de 1999, começou repentinamente um tipo de imigração diferente e em massa proveniente da Europa de Leste.

Este grande fluxo migratório muito se deveu à abertura das fronteiras da União Europeia, em 1999. No entanto, devido à escassez de empregos indiferenciados nesse país fez com que estes migrassem para sul, para a Península Ibérica, onde existiam grandes necessidades de mão-de-obra para a construção civil e agricultura nos dois países ibéricos.

Os eslavos: ucranianos, russos, búlgaros; os latinos: romenos e moldavos.

Um dos maiores grupos e que se fixou nas regiões de Lisboa, Setúbal, Faro e Porto são os ucranianos, e ninguém sabe ao certo o seu número total. No entanto, o número de imigrantes legais é de cerca de 70 000, sabendo-se que este número é muitas vezes inferior à realidade. O grupo é de tal forma numeroso que fez com que a Ucrânia de país distante e desconhecido passasse a familiar e que a maioria dos imigrantes de leste seja vista pelos portugueses como "ucranianos".

A imigração de leste tornou-se de difícil controlo, e começaram a actuar no país máfias que traziam e controlavam imigrantes.

Em 2003, a imigração em massa proveniente do leste europeu estacou e passou a ser de fluxo mais ténue, passando a destacar-se a imigração de brasileiros e asiáticos de várias origens (nomeadamente indianos e chineses).

Existem ainda núcleos de imigrantes provenientes da América Latina, principalmente brasileiros e venezuelanos, e do Norte de África.

Em dados oficiais de 2009, viviam em Portugal perto de 500 mil emigrantes, o que representava cerca de 5% da população total do país. As maiores comunidades de imigrantes, que representavam 90% dos imigrantes em território português, eram oriundas do Brasil (17%), Cabo Verde (14%), Ucrânia (9%), Angola (8%), Guiné-Bissau (6%), Reino Unido (6%), Roménia (5%), Espanha (5%), Alemanha (4%), Moldávia (4%), São Tomé e Príncipe (4%), China (3%), França (3%) e Rússia (2%). [2]

Desregulação das leis de imigração 2017-2023

Até Agosto de 2017, só era concedida autorização de residência em Portugal a imigrantes mediante a apresentação de contrato de trabalho e registo de contribuições fiscais para garantir que tinham capacidade de se sustentarem em território nacional.[3]

Contra o parecer do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, em 2017 o Bloco de Esquerda propôs passar a autorizar a residência a imigrantes mediante inscrição na Segurança Social e "promessa de um contrato" somente, mesmo sem provas de capacidade de se sustentarem, que foi aprovada pelo governo da Geringonça com votos dos partidos de esquerda.[3] No seguimento desta alteração na lei, surgiu "todo um mecanismo de negócio de falsos contratos de promessa de trabalho, que eram "vendidos" para trazer pessoas para o território". Ao mesmo tempo levou a um grande aumento de pedidos de regularização para os quais o SEF não tinha capacidade de resposta.[4]

Até 2019, a lei exigia estrita legalidade na entrada no país, mas o governo da Geringonça mudou uma vez mais a lei para passar a oficialmente "presumir entrada legal" de quem esteja a trabalhar há 12 meses no país, significando que todos os imigrantes podem ser legalizados após 12 meses de estadia ilegal desde que não sejam detetados.[4]

Tal como avisado pelo SEF, estas alterações tiveram como resultado um aumento do chamado "efeito de chamada", que se traduziu em três fenómenos: aumento de imigração clandestina, aumento de exploração laboral de imigrantes e sujeição destes em a condições desumanas.[4]

Segundo dados oficiais, em 2020 o número de imigrantes brasileiros em Portugal com autorização de residência era quase de 184 mil.

Entre 1 de junho e 30 de setembro de 2020, ano de confinamento devido à pandemia COVID-19, entraram em Portugal 53 indivíduos oriundos de Timor Leste; em 2021, foram registadas 350 entradas e em 2022 mais de 3000.[5] No decorrer do ano, 600 timorenses manifestaram interesse em obter autorização de residência para trabalho.[5] O SEF entretanto identificou 11 situações por indícios de auxílio à imigração ilegal e tráfico de pessoas de Timor.[5]

Em Novembro de 2022, foi introduzido um novo regime para a entrada de imigrantes em Portugal, que incluía um "visto de procura de trabalho", permitindo a um imigrante seis meses para procurar emprego, a abolição de quotas de imigração e a criação de um visto de residência ou estadia temporária para nómadas digitais.[6]

Em 2022, os imigrantes com autorização de residência totalizavam 757 752.[7] O Brasil liderava a tabela com 233 138 naturais em Portugal.[7]

Em Janeiro de 2023, o parlamento português rejeitou proposta do PSD para a criação de um "programa nacional de atração de imigrantes", com votos contra do PS, CHEGA e BE, com abstenção do IL, PCP, PAN e Livre.[8]

Estrangeiros por país de origem

Imigrantes em Portugal por Nacionalidade

Aqui encontra-se uma lista dos principais países de origem de imigrantes em 2023 e respetivos números ao longo dos anos. Estes dados não incluem imigrantes naturalizados e pessoas sob os estatuto de proteção temporária.

País em

2000[9]

em

2005[9]

em

2010[9]

em

2015[9]

em

2020[9]

em

2023[1]

 Brasil 22.202 31.500 119.363 82.590 183.993 368.449
 Angola 20.416 27.533 23.494 18.247 24.449 55.589
Cabo Verde Cabo Verde 47.093 55.608 43.979 38.674 36.609 48.885
 Reino Unido 14.096 19.005 17.202 17.237 46.239 47.409
 Índia 1.290 1.749 5.271 6.935 24.550 44.051
 Itália 3.030 4.821 5.067 6.130 28.159 36.227
Guiné-Bissau 15.941 20.935 19.817 17.091 19.680 32.535
Nepal 0.002 0.042 0.797 4.798 21.015 29.972
 China 3.282 5.551 15.714 21.329 26.182 27.873
 França 7.193 9.589 5.111 8.440 24.935 27.549
 São Tomé e Príncipe 5.437 8.198 10.516 9.546 10.706 26.460
 Bangladesh 0.171 0.621 1.007 2.571 9.916 25.666
 Ucrânia 0.163 2.120 49.505 35.779 28.629 23.499
 Alemanha 10.385 13.622 8.967 9.035 16.041 22.858
Roménia 0.369 1.564 36.830 30.523 30.052 20.881
Espanha 12.229 16.398 8.918 10.019 16.981 20.573


Ligações externas

  • Portal Associações de Imigrantes em Portugal
  • ACIME - Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, I. P.

Referências

  1. a b «Relatórios de Imigração Fronteiras e Asilo - 2023» (PDF). AIMA. 17 de setembro de 2024 
  2. «RPER». www.apdr.pt. Consultado em 3 de janeiro de 2017 
  3. a b «SEF chumbou proposta da nova Lei de Estrangeiros». www.dn.pt. Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  4. a b c «Ana Rita Gil: ″As alterações à lei potenciaram a imigração clandestina e a exploração laboral″». www.dn.pt. Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  5. a b c «De Timor para o ″mercado de escravos″ do Martim Moniz». www.dn.pt. Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  6. Lusa, Agência. «Novo regime de entrada de imigrantes em Portugal entra em vigor em novembro». Observador. Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  7. a b «758 mil imigrantes: número de brasileiros e indianos é o que mais cresce». www.dn.pt. Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  8. «Parlamento rejeita projeto-lei do PSD para criar programa nacional de atração de imigrantes». www.dn.pt. Consultado em 27 de fevereiro de 2023 
  9. a b c d e «Estatísticas de Imigrantes em Portugal por Nacionalidade». Consultado em 17 de setembro de 2024