Etimologia das unidades federativas do Brasil

Estados brasileiros conforme a origem etimológica de seus nomes, sendo laranja para origem ameríndia e azul, origem portuguesa.

A etimologia dos nomes das unidades federativas do Brasil é variada, parte dos nomes tem sua origem baseada nas línguas tupi-guaranis, enquanto que outros na língua portuguesa.

Unidades federativas atuais

  •  Acre — duas hipóteses: do apurinã uwákürü, "rio verde", por meio da corruptela a'quiri ou a'kiru[1], em referência ao rio Aquiri; ou do mundurucu áquiri, uma touca de penas.[1] A grafia atual data de 1878, quando um comerciante paraense não entendeu a escrita do colonizador João Gabriel de Carvalho Melo, que havia pedido mercadorias para a "boca do rio Aquiri".[1][2] Nada tem a ver com a unidade de medida acre.
  •  Alagoas — plural de "alagoa", que é uma variação de "lagoa".[3] O estado leva o nome da cidade de Alagoas, antiga capital da província e atual município de Marechal Deodoro. A cidade de Alagoas tem como origem as povoações de Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul, em referência à lagoa Manguaba, e Santa Luzia da Alagoa do Norte (atual município de Santa Luzia do Norte), em referência à lagoa Mundaú.[4]
  •  Amapá — três hipóteses: do tupi amapá, "lugar da chuva" (ama, "chuva" + paba, "lugar", "estância" ou "morada");[2] derivação de ama'pá, nome da árvore apocinácea Parahancornia amapa[5][2] na língua geral setentrional;[6] ou do nheengatu para "terra que acaba", em referência ao então limite da colonização portuguesa, ou "ilha", em referência às ilhas do litoral do estado.[1]
  •  Amazonas — a partir do rio Amazonas, que, por sua vez, foi batizado pelo explorador espanhol Francisco de Orellana que relatou ter encontrado mulheres guerreiras ao longo do rio em 1541 e as associou às amazonas da mitologia grega.[2]
  • Bahia Bahia — de bahia, a grafia arcaica de "baía", em referência à Baía de Todos-os-Santos.[2]
  •  Ceará — do rio homônimo, cuja etimologia tradicionalmente diz-se vir do tupi cemo ará, "canto da jandaia"[2], mas isso é incerto[7].
  •  Espírito Santo — nome dado à capitania por seu donatário, Vasco Fernandes Coutinho, aonde chegou em 23 de maio de 1535, domingo de Pentecostes, dedicado ao Espírito Santo.[2][8]
  •  Goiás — dos goiases ou guaiases, uma tribo indígena que supostamente existia na região até a chegada dos bandeirantes.[2] Lá os exploradores fundaram Santana de Goiás, futura capital da capitania de Goiás e atual município de Goiás, capital do estado anterior a Goiânia.[9]
  •  Maranhão — Talvez uma corruptela do tupi para-nhana, "rio que corre".[2] Maranhão é um nome antigo do rio Amazonas (cf. rio Marañón); talvez do espanhol marañón, "cajueiro", que de qualquer jeito também viria provavelmente de uma língua ameríndia (já que o caju é nativo da América).[2]
  •  Mato Grosso — sentido literal, por causa da vegetação densa na região. O nome teria sido dado por bandeirantes na década de 1730.[2]
  •  Mato Grosso do Sul — derivado do anterior, por ser a porção meridional (sul) que se separou em 1977.[2]
  •  Minas Gerais — sentido literal, por abrigar campos de extração de inúmeros minérios, principalmente ouro,[1] denominadas "minas gerais" em oposição às minas particulares ou por sua variedade de tipos de minério.[2] No início do século XVIII, a região era simplesmente denominada Minas.[1] Em 1710, surge a capitania de São Paulo e Minas de Ouro e, em 1732, desmembra-se dela a capitania de Minas Gerais.[1]
  • Pará Pará — do tupi pará, "mar", "rio largo" em referência ao estuário do rio Amazonas.[2] Pará era outro nome do rio Amazonas.[10]
  •  Paraíba — do rio homônimo que banha a capital do estado, João Pessoa. Paraíba vem do tupi paraíba, que significa "rio ruim" (pará, "rio grande" + aíb, "ruim" + a, sufixo).[10] no caso, ruim para navegação.[2]
  •  Paraná — do rio homônimo, do tupi paranã, "rio-mar";[10]
  •  Pernambuco — do tupi paranabuka[11] ou paranambuco,[2] que significa "fenda do mar", "mar furado" (paranã, "mar"[11] ou "rio caudaloso"[2] + puka, "fenda"), em referência a uma pedra furada por onde o mar entra[11] ou aos navios que furavam a barreira de recifes.[2]
  •  Piauí — do tupi piaby, que significa "rio das piabas" (piaba[11] ou pi(ra)awa,[2] "piaba" ou "piau" + 'y "rio").[11]
  •  Rio de Janeiro — sentido literal, referindo-se à Baía de Guanabara, descoberta no dia 1 de janeiro de 1502 por Gaspar de Lemos. A palavra "rio", na época, referia-se também a sacos e baías.[2]
  •  Rio Grande do Norte — sentido literal, em referência ao rio Potenji.[2]
  •  Rio Grande do Sul — sentido literal, por julgar-se que a Lagoa dos Patos, de formato longo e estreito, fosse um rio (de fato, abriga a foz do rio Guaíba).[2] A lagoa foi o local do estabelecimento da colônia portuguesa de Rio Grande de São Pedro, a atual cidade de Rio Grande.[12]
  •  Rondônia — em homenagem ao marechal Cândido Rondon, explorador da região.[13]
  •  Roraima — três hipóteses: do pemon roroima, "montanha verde-azulada";[1] do ianomâmi roro imã, que significa "montanha trovejante";[1] do étimo das línguas caribes para "fonte dos papagaios", a partir de roro, "papagaio", e imã, "pai" ou "formador".[1] Todos esses termos se referem ao Monte Roraima, montanha na divisa entre Brasil, Venezuela e Guiana.
  •  Santa Catarina — duas hipóteses: em homenagem a Catarina Medrano, esposa de Sebastião Caboto, que chegou à ilha de Santa Catarina em 1526[13]; ou em homenagem a Catarina de Alexandria, considerada santa pela Igreja Católica.[13]
  •  São Paulo — assim batizado devido ao colégio jesuíta de São Paulo de Piratininga, fundado em 1554 no dia 25 de janeiro, em que os católicos comemoram a conversão de Paulo de Tarso.[13]
  •  Sergipe — do rio homônimo, do tupi antigo seriîype, que significa "no rio dos siris" (seri, "siri" + îy, "rio" + pe, "em").[14]
  •  Tocantins — do rio homônimo, que, por sua vez, vem da tribo indígena homônima que habitava o rio. Do tupi tukantim, que significa "bicos de tucanos" (tukana, "tucano" + tim, "bico").[15]
  •  Distrito Federal — sentido literal, por ser esta unidade um distrito à parte na federação e, durante mais de um século (1889-1990), administrado diretamente pela União (Governo Federal).

Antigas unidades federativas

Classificação

Entre os muitos tipos de topônimos que existem,[17] a tabela abaixo agrupa os topônimos das atuais unidades federativas segundo o que apontam quando suas etimologias encontram-se na língua portuguesa.

Tipo Quantidade Exemplos
Hidrotopônimos
(corpos d'água)
5 Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul
Potamônimos
(nomes de rios)
9 Acre, Amazonas, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná, Sergipe, Tocantins
Orônimos
(nomes de montanhas)
1 Roraima
Cardinotopônimos
(pontos cardeais)
3 Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul
Hierotopônimos
(religião)
3 Espírito Santo, Santa Catarina, São Paulo
Fitotopônimos
(vegetação)
2 Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
Antropotopônimos
(nomes de pessoas)
1 Rondônia
Etnotopônimos
(etnias)
1 Goiás
Poliotopônimos
(assentamentos humanos)
1 Distrito Federal
Topônimos em português não classificados 1 Minas Gerais
Topônimos de origem ameríndia 12 Acre, Amapá, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Roraima, Sergipe, Tocantins
Topônimos de origem grega 1 Amazonas

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h i j BERG, Tiago José (2009). «Território, cultura e regionalismo: aspectos geográficos em símbolos estaduais brasileiros» (PDF). Consultado em 3 de janeiro de 2016 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v GIRARDI, Giovana (fevereiro de 2007). «Qual é a origem dos nomes dos Estados brasileiros?». Consultado em 3 de janeiro de 2016 
  3. FERREIRA 1986, p. 73
  4. «Por que Alagoas». Gabinete Civil de Alagoas. Consultado em 4 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 2 de agosto de 2012 
  5. FERREIRA 1986, p. 98
  6. NAVARRO 2013, p. 542
  7. Pennafort, Conego (1900). «O nome Ceará» (PDF). Revista Trimensal. Consultado em 15 de junho de 2020 
  8. «Colonização». Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 4 de janeiro de 2016 
  9. «Goiás - Goiás». IBGE Cidades. Consultado em 4 de janeiro de 2016 
  10. a b c NAVARRO 2013, p. 590
  11. a b c d e NAVARRO 2013, p. 592
  12. «Rio Grande - Rio Grande do Sul». IBGE Cidades. Consultado em 5 de janeiro de 2016 
  13. a b c d GIRARDI, Giovana (fevereiro de 2007). «Qual é a origem dos nomes dos Estados brasileiros?». Consultado em 3 de janeiro de 2016 
  14. NAVARRO 2013, p. 597
  15. NAVARRO 2013, p. 603
  16. NAVARRO 2013, p. 567
  17. SOUSA, Alexandre M. «Geografia e Linguística: interseções no estudo toponímico». Consultado em 20 de abril de 2014 

Bibliografia

  • Portal do Brasil
  • Portal da linguística