Batalha de Linga

Batalha de Linga
Conflitos Luso-Malaios

Localização de Linga
Data 1525
Local Estreito de Malaca
Desfecho Vitória do Império Português
Beligerantes
Portugal Império Português
Sultanato de Bintão
Sultanato de Indragiri
Comandantes
Álvaro de Brito
Baltasar Raposo
Sultão de Indragiri
Laqueximena
Forças
80 portugueses
2 naus
160 lancharas[1]
2000 homens[2]
Baixas
1 morto, 17 feridos.[3] 600 mortos, 80 navios.[4]
Campanhas coloniais portuguesas
Conflitos prolongados mostrados em negrito
Data  Região 
1415 Ceuta
1437 Marrocos
1458 Marrocos
1468 Marrocos
1471 Marrocos
1478 Guiné
1487 Marrocos
1490 Marrocos
1501–02 Índia
1502 Índia
1503 Índia
1504 Índia
1506 Índia
1507 África Oriental
1507 Hormuz
1508 Índia
1509 Índia
1510 Índia
1511 Malaca
1514 Marrocos
1515 Marrocos
1517 India
1521 China
1522 China
1523 Arábia
1526 Índia
1531 Índia
1538 Índia
1541 Mar Vermelho
1541 Mar Vermelho
1542 África Oriental
1546 Índia
1548 Arábia
1551 Arábia
1552–54 Arábia
1553 Golfo Pérsico
1558 Brasil
1559 Índia
1561 Japão
1562 Marrocos
1567 Brasil
1568 Malaca
1569 Achém
1570–75 Índia
1580–83 Oceano Atlântico
1580–89 Oceano Índico
1581 Damão
1587 Jor
1601 Java
1606 Malaca
1606 (ago) Malaca
1612 Índia
1614 Brasil
1619 Ceilão
1622 China
1622 Angola
Data  Região 
1624 Brasil
1625 Pérsia
1625 Brasil
1625 Costa do Ouro
1629 Malaca
1630 Brasil
1631 Brasil
1638-39 Índia
1671 Angola
1637 Costa do Ouro
1638 Índia
1638 Brasil
1639 Índia
1640 Brasil
1640–41 Malaca
1645 Brasil
1647 Angola
1648 Brasil
1648 Angola
1649 Brasil
1652–54 Brasil
1654 (mar) Ceilão
1654 (mai) Ceilão
1665 Angola
1670 (jun) Angola
1670 (out) Angola
1696–98 Mombaça
1710 Brasil
1711 Brasil
1729-32 Índia
1735–37 Banda Oriental
1752 Índia
1756 América do Sul
1761–63 América do Sul
1762–63 Sacramento
1768-69 Angola
1774-78 Angola
1776–77 América do Sul
1809 Guiana Francesa
1816–20 Banda Oriental
1821–23 Brasil
1846 China
1849 China
1850-62 Angola
1855-74 Angola
1890–1904 Angola
1907 Angola
1914–15 Angola
1917–18 Moçambique
1954 Índia
1961 Índia
1961–74 África
• 1961–74 Angola
• 1963–74 Guiné-Bissau
• 1964–74 Moçambique

A Batalha de Linga foi um encontro armado travado em 1525, no qual uma frota portuguesa destroçou uma armada do sultão de Bintão (antigo sultão de Malaca) e do sultão de Indragiri, em defesa de um aliado, o sultão de Linga.

Contexto

Quando em 1511 o governador Afonso de Albuquerque conquistou a grande cidade malaia de Malaca, o sultão Mamude fugiu com a sua Corte e as suas tropas para Bintão, reino insular que ele usurpou. Ali ele construiu uma nova cidade, reuniu em torno de si vários estados da região hostis aos portugueses e continuamente atacava Malaca por terra e por mar.

Revoltado o sultão de Linga contra a suzerania do sultão Mamude, porém, prontamente se aliou aquele aos portugueses e frequentemente se encontravam navios de Linga em Malaca, a comerciar em mantimentos e a adquirir armas.[1]

O sultão Mamude persuadiu o sultão de "Draguim" (Indragiri) seu genro, na ilha de Samatra, a bloquear a cidade de Linga com a sua frota. A ela se juntou a frota do sultão Mamude, comandada pelo seu almirante, regressada ela de um raid falhado a Malaca e, assim, alcançaram as duas frotas conjuntas o número de 160 lancharas.[1]

Já o sultão de Linga havia pedido auxílio aos portugueses e o capitão de Malaca, Jorge de Albuquerque, enviou duas pequenas naus com 80 soldados, comandadas por Baltasar Rodrigues Raposo e Álvaro de Brito.

A batalha

Os portugueses ancoraram os seus navios por detrás de algumas ilhas "a um tiro de falcão" da ilha de Linga de forma a ocultarem a sua presença à frota inimiga, porém foram detectados por uma embarcação que fazia a vigia.[1][5] Na manhã seguinte, avistaram os portugueses uma pequena embarcação a sondar as águas em torno das naus, sinal claro de que o confronto estava para próximo e, assim, prepararam-se para a batalha: uniram as duas naus, substituitam as cordas das âncoras por correntes para que não pudessem ser cortadas; prepararam os arcabuzes, canhões e as bombas de pólvora que haviam trazido em abundância; por fim, instalaram paveses e longos tapetes de bambu que cobriam as enxárcias e impediam que elas fossem aferradas pelos ganchos dos inimigos que tentassem abordar.[1]

Um pouco antes do meio-dia, as duas naus portuguesas foram atacadas pela grande frota adversária, que resolutamente avançava dividida em dois esquadrões, de bandeiras arvoradas e com muito ruído dos instrumentos de guerra e dos gritos das tripulações.[6] A grande massa compacta de navios rasos e abertos porém, constituía um alvo ideal para a artilharia portuguesa: 12 navios foram afundados ou avariados pela primeira bordada.[6] Dispararam então os arcabuzes aos gritos de vitória, vitória enquanto os malaios lançavam lanças envenenadas e disparavam a sua artilharia; por fim, ao chegarem à distância de arremesso, foram recebidos com o lançamento de bombas, que lhes destroçou mais 17 embarcações.[6]

Nau portuguesa e lanchara malaia.

A mezena de uma das naus dos portugueses pegou fogo devido a um acidente no manuseio das bombas de pólvora; neste momento crítico, algumas embarcações malaias aferravam a nau pela popa e lograram subir a bordo pelas portinholas dos canhões de cada lado do leme, mas foram abatidos ou obrigados a fugir.[4] Uma salva das peças montadas à ré quebrou o ânimo dos malaios e dispersaram-se então, contra as ordens dos seus comandantes.[4]

Após a batalha, contaram os portugueses 80 navios dos inimigos afundados ou destroçados e estimaram os malaios mortos em 600.[4] Na manhã seguinte, juntou-se-lhes o sultão de Linga em pessoa, que os acompanhou à sua cidade para nela serem celebradas longas festividades.[4]

Ver também

Referências

  1. a b c d e Saturnino Monteiro: Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa 1139-1975, volume II, Livraria Sá da Costa Editora, 1991, p.75.
  2. João de Barros: Da Ásia dec. III, part II, Regia Officina Typografica, 1777 edition, p.472.
  3. Fernão Lopes de Castanheda: Historia do descobrimento e conquista da India pelos Portugueses, Typographia Rollandiana, 1833 edition, Volumes 6-7, 216.
  4. a b c d e Monteiro, 1991, p.78
  5. Castanheda, 1833, p.213
  6. a b c Monteiro, 1991, p.77