Babaca

Babaca é um termo que pode ser utilizado no português brasileiro para designar, de forma insultiva, uma pessoa tola, ingênua, boba, idiota ou de baixo intelecto.[1]

Contudo, é mais empregado para se referir a uma pessoa que faz o outro se sentir oprimido, desrespeitado, diminuído.

Origem e uso atual

Originalmente a palavra babaca consistia em um termo africano, de origem banta[2] utilizado como denominação vulgar da vulva feminina,[1][3][4][5] mas após ser incorporado pelo idioma português, no Brasil, perdeu seu sentido original, passando a ser predominantemente utilizada como um insulto designado a classificar uma pessoa como tola ou ingênua.[2][4][5]

Atualmente trata-se de um termo chulo usado como forma de ofensa pessoal em distintos países adeptos do idioma português, sendo particularmente mais utilizado no Brasil,[6] onde esta é a palavra mais comumente utilizada para designar uma pessoa rude, egoísta, arrogante ou desrespeitosa.

Até a década de 1950, a utilização da palavra "babaca" era considerada um tabu.[7] Nos dias atuais, apesar de ainda ser considerado um termo relativamente chulo e ofensivo,[4] não é incomum a divulgação da palavra "babaca" no cotidiano do brasileiro, sendo utilizada até mesmo pelos grandes órgãos de imprensa, tanto na forma escrita como na falada, sobretudo quando é intencionada a apresentação de certa denotação informal.[8]

Dentre inúmeras menções públicas feitas a esta expressão, destacam-se as seguintes:

  • A canção "É", do cantor Gonzaguinha, que apresenta as seguintes frases no seu refrão: "É! A gente não tem cara de panaca; A gente não tem jeito de babaca(...)";[9]
  • A cantora Maria Gadú gravou uma canção denominada "Babaca Mirim";[10]
  • A trupe do Casseta e Planeta utilizava a terminologia de forma recorrente em seu programa humorístico transmitido pela TV Globo utilizando, por exemplo, a expressão "Big Babaca Brasil" para se referir ao reality show Big Brother Brasil, veiculado pela mesma emissora;[11]
  • O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou-se desta palavra para ofender publicamente o então Senador pernambucano Sérgio Guerra, em uma discussão sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), afirmando: O Sérgio Guerra é um babaca. Ele desconhece as obras do PAC, porque não quer conhecer.[12] Em outra ocasião, Lula chamou de "Babacas ricos" os estudantes universitários contrários ao aumento do número de vagas para estudantes nas universidades públicas.[13]
  • No segundo turno da eleição presidencial de 2018 no Brasil, num evento em favor da candidatura de Fernando Haddad, o senador eleito pelo Ceará Cid Gomes chamou um militante do PT de "babaca"[14].
  • A palavra apresenta quase três milhões de menções no motor de busca do Google.[15]

Termos similares em outros idiomas

Termos equivalentes, presentes em outros idiomas, também apresentam conotações similares[16][17]:

  • Apesar de apresentar uma origem distinta, a palavra "cunt"[1], utilizada na língua inglesa apresenta um histórico similar em sua alteração de conotação. Inicialmente correspondia a um termo utilizado exclusivamente para indicar a genitália feminina.[18][19] Entretanto, posteriormente ganhou novo sentido, indicando também uma pessoa estúpida ou idiota,[19] embora trate-se de uma expressão considerada como sendo bastante ofensiva.[16]
  • O termo equivalente em francês, "con" [2], também apresenta duplo sentido, designando tanto a genitália feminina, de forma vulgar, bem como uma pessoa estúpida, ingênua ou desagradável.[17] Nos países falantes da língua francesa, assim como ocorre no Brasil com o termo babaca, a expressão "con", apesar de chula, é amplamente utilizada em seu sentido figurado.[20]

Referências

  1. a b http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=babaca
  2. a b Nel Lopes (2003). «Novo dicionário Banto do Brasil». 2003. Consultado em 2 de janeiro de 2012 
  3. http://www.ideario.org.br/neab/kule2/Textos%20kule2/Rachel.pdf
  4. a b c Altair J. Aranha (2002). «Dicionário Brasileiro de Insultos». 2002. Consultado em 2 de janeiro de 2012 
  5. a b http://www.fflch.usp.br/dl/gela/textos/texto_contexto.pdf
  6. «Português 2 - Módulo Único» (PDF). Consultado em 2 de janeiro de 2012 
  7. José Inácio Werneck (Junho de 2011). «Tommaso não era Busqueta». Direto da Redação. Consultado em 3 de janeiro de 2012 
  8. Jean Lauand (dezembro de 2011). «A lacuna de nossos insultos». dezembro de 2011. Consultado em 8 de março de 2014 
  9. Gonzaguinha. «É». Consultado em 3 de janeiro de 2012 
  10. Maria Gadú. «Babaca Mirim». Consultado em 3 de janeiro de 2012 
  11. «Casseta e Planeta». Consultado em 3 de janeiro de 2012 
  12. O Globo (21 de janeiro de 2010). «Em reunião ministerial, Lula chama Sérgio Guerra de 'babaca'». Globo.com. Consultado em 6 de janeiro de 2011 
  13. «Lula chama de "babaca rico" os estudantes contrários ao aumento de vagas em universidades». Zero Hora. 21 de agosto de 2008. Consultado em 12 de junho de 2012 
  14. «VÍDEO: em evento pró-Haddad, Cid Gomes chama petistas de 'babacas'». Correio Braziliense. 15 de outubro de 2018. Consultado em 12 de novembro de 2018 
  15. «Google Search». Consultado em 3 de janeiro de 2012 
  16. a b «cunt». Merriam-Webster's Learner's Dictionary. Merriam-Webster. Consultado em 5 de março de 2011 
  17. a b «CNRTL». Consultado em 4 de janeiro de 2012 
  18. «Definition of CUNT». Dictionary – Merriam-Webster online. Merriam-Webster. Consultado em 5 de março de 2011 
  19. a b Morton, Mark (2004). The Lover's Tongue: A Merry Romp Through the Language of Love and Sex. Toronto, Canada: Insomniac Press. ISBN 978-1894663519 
  20. «dictionnaire arg. pop. fam.». Consultado em 4 de janeiro de 2012 
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