António Ginestal Machado

António Ginestal Machado
António Ginestal Machado
António Ginestal Machado
Presidente do Ministério de Portugal
Período 15 de Novembro de 1923 a 18 de Dezembro de 1923
Presidente Manuel Teixeira Gomes
Antecessor(a) António Maria da Silva
Sucessor(a) Álvaro de Castro
Dados pessoais
Nascimento 3 de maio de 1874
Almeida, Almeida, Reino de Portugal Portugal
Morte 28 de junho de 1940 (66 anos)
Santarém, Portugal Portugal
Filhos(as) 8, incluindo Armando Ginestal Machado[1][2]
Partido Partido da União Republicana, depois Partido Republicano Nacionalista
Profissão Advogado, professor e político

António Ginestal Machado (Almeida, Almeida, 3 de Maio de 1874 — Santarém, 28 de Junho de 1940) foi um advogado, professor liceal e político português. Entre outras funções, foi deputado, ministro da Instrução Pública e presidente do Ministério (primeiro-ministro) durante a Primeira República Portuguesa.

Biografia

António Ginestal Machado nasceu na vila de Almeida, onde realizou os seus estudos primários, tendo-se matriculado em 1890 no Liceu Nacional da Guarda, onde concluiu o ensino secundário.

No ano de 1892 matriculou-se na Escola Naval, frequentando em simultâneo o Curso Superior de Letras, em Lisboa. Terminado este curso, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Terminou o curso naval em 1897, iniciando funções na Armada ao mesmo tempo que concorria para professor liceal do 4.º grupo (História e Geografia). Não sendo colocado, continuou a prestar serviço na Armada, formando-se no ano seguinte em Direito pela Universidade de Coimbra.

No ano de 1898 foi colocado como professor do Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, nos Açores, abandonando a sua carreira naval. Permaneceu nos Açores até 1904, ano em que obteve colocação como professor efectivo de História e Geografia do Liceu Nacional de Santarém.

Casou nesse mesmo ano de 1904 com Maria da Piedade Almeida Topinho, de Santarém, tendo o casal fixado residência naquela cidade, de cujo Liceu Nacional foi nomeado professor efectivo.

Republicano moderado, iniciou a sua actividade política como companheiro de Álvaro de Castro, sendo em 1909 eleito presidente da Junta Distrital de Santarém. Após a implantação da República Portuguesa passou a liderar o movimento republicano no distrito de Santarém, presidindo à comissão republicana que assumiu o poder a 6 de Outubro de 1910 naquela cidade. Ainda no contexto da Implantação da República colaborou no jornal A republica portugueza[3] (1910-1911).

Em 1911 foi nomeado comissário do Governo da República na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.

Em Fevereiro de 1912 aderiu ao Partido da União Republicana,[4] os unionistas, então fundado por Brito Camacho, amigo por quem nutria especial admiração. Após a saída de Brito Camacho da cena política, tornou-se num dos mais respeitados dirigentes do partido, membro desde 1914 do directório do partido, distinguindo-se pela sua moderação.

Manteve-se activo na política local, sendo em 1917 eleito vogal da Junta Geral do distrito de Santarém e em 1919 provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém.

Em Outubro de 1919, na sequência da formação do Governo da União Sagrada, foi um dos promotores da fusão entre o seu partido e o Partido Republicano Evolucionista, com a qual se constituiu o Partido Liberal Republicano, depois renomeado Partido Republicano Nacionalista e acolhendo o influente Álvaro de Castro e o seu grupo de seguidores.

Em 1919 foi eleito deputado pelo círculo eleitoral de Santarém nas listas do Partido Republicano Nacionalista, cargo que manteve ininterruptamente até ao encerramento do Congresso da República após o golpe de 28 de Maio de 1926. Na acção parlamentar foi considerado por aliados e adversários um homem de postura requintada e de grande elegância na palavra e na acção, o que lhe granjeou uma respeito e celebridade no mundo político português do seu tempo.

A 23 de Maio de 1921 assumiu as funções de ministro da Instrução Pública do gabinete ministerial presidido por Tomé de Barros Queirós, cargo que exerceu até 30 de Agosto daquele ano, data em que o governo caiu. Apesar disso, ocupou o mesmo cargo no Governo presidido por António Granjo, o qual colapsou a 19 de Outubro, vítima da crónica instabilidade política em que tinha mergulhado a Primeira República Portuguesa.[5]

O governo presidido por António Ginestal Machado

A 15 de Novembro de 1923 foi escolhido para formar governo, assumindo as funções de presidente do Ministério (hoje primeiro-ministro), sucedendo no cargo a António Maria da Silva. Era um governo minoritário, que se manteria no poder por 33 dias, até 17 de Dezembro daquele ano. Acumulava com as funções de ministro do Interior.[6]

Como independente, fazia parte do Governo o general António Óscar Carmona, como ministro da Guerra, que no período da Ditadura Nacional e do Estado Novo seria Presidente da República.[7]

O curto governo de Ginestal Machado foi marcado pela constante instabilidade política e pelo crónico golpismo que marcou a fase final da Primeira República Portuguesa. Foi nesse ambiente que a 10 de Dezembro é desencadeada uma tentativa de golpe revolucionário radical, desta feita liderado pelo capitão-de-fragata João Manuel de Carvalho, antigo ministro da Guerra dos governos presididos por Carlos Maia Pinto e Francisco Cunha Leal, com o apoio de Agatão Lança, Nuno Simões e vários membros do Partido Comunista Português. O golpe foi energicamente contido por Óscar Carmona, mas o governo não sobrevive. Depois de tumultuosos debates no Parlamento e de Ginestal Machado ter tentado aproveitar a tentativa de revolta para forçar Manuel Teixeira Gomes, então presidente da República, a dissolver o Parlamento, o que este recusa, o Governo foi obrigado a demitir-se.

Para além da ocupação política, foi músico, professor e reitor do Liceu de Santarém.

Após a vitória da Revolução Nacional e a implantação da Ditadura Nacional, Ginestal Machado decide retirar-se da vida pública, considerando que perante o rumo turbulento e extremista que a política seguia em Portugal já nela não tinha lugar. Dedicou-se então às suas funções de professor do Liceu de Santarém e à direcção da Misericórdia daquela cidade. Este afastamento não impediu que em 1933 fosse demitido pelo Governo do Estado Novo do cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santarém.

António Ginestal Machado faleceu a 28 de Junho de 1940, em Santarém, vítima de ataque cardíaco sofrido quando soube da queda da França frente à Alemanha Nazi.

A antiga Escola Industrial e Comercial de Santarém, depois Escola Secundária de Marvila, desde 2 de Abril de 1987[8] tem como patrono Ginestal Machado, passando a denominar-se Escola Secundária Dr. Ginestal Machado.

Cronologia

Referências

  1. Manuel Baiôa. «António Ginestal Machado» (PDF). In: Fernando de Sousa, Conceição Meireles Pereira. Os Primeiros-Ministros de Portugal 1820-2020. II. Lisboa: INCM. pp. 820––842  A referência emprega parâmetros obsoletos |pp= (ajuda)
  2. «Armando Ginestal Machado (1913-1991)». Fundação Museu Nacional Ferroviário Armando Ginestal Machado. Consultado em 22 de Janeiro de 2012. Arquivado do original em 4 de março de 2016 
  3. Pedro Mesquita (21 de Junho de 2012). «Ficha histórica:A republica portugueza : diario republicano radical da manhan (1910-1911)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 8 de janeiro de 2015 
  4. Partido fundado a 26 de Fevereiro de 1912 por Manuel de Brito Camacho.
  5. Lista dos ministros da Educação de Portugal.
  6. Lista dos ministros da Administração Interna de Portugal.
  7. O governo de Ginestal Machado.
  8. Portaria n.º 261/87, de 2 de Abril.

Ligações externas

  • Governo de António Ginestal Machado[ligação inativa]
  • Ginestal Machado na Infopédia
  • Cronobiografia de Ginestal Machado[ligação inativa]

Precedido por
Júlio Martins
(de facto)
Tomé de Barros Queirós
(interino)
Ministro da Instrução Pública
1921
(XXX e XXXI Governo Republicano)
Sucedido por
António Alberto Torres Garcia
(não empossado)
Manuel de Lacerda de Almeida
(de facto)
Precedido por
João de Melo Barreto
Ministro dos Negócios Estrangeiros
(interino)
1921
(XXXI Governo Republicano)
Sucedido por
Alberto da Veiga Simões
Precedido por
António Maria da Silva
Presidente do Ministério de Portugal
1923
(XXXVIII Governo Republicano)
Sucedido por
Álvaro de Castro
Precedido por
António Maria da Silva
Ministro do Interior
1923
(XXXVIII Governo Republicano)
Sucedido por
Alfredo de Sá Cardoso
  • v
  • d
  • e
Presidentes do Ministério de Portugal durante a Primeira República Portuguesa (1910–1926)

Teófilo Braga (Pres. Gov. Prov.) João Chagas Augusto de Vasconcelos Duarte Leite Augusto de Vasconcelos (interino) Duarte Leite (continuação) Afonso Costa Bernardino Machado Victor Hugo de Azevedo Coutinho Joaquim Pimenta de Castro Junta Constitucional João Chagas (não empossado) José de Castro (inicialmente interino) Afonso Costa (2.ª vez) António José de Almeida Afonso Costa (interino) António José de Almeida (continuação) Afonso Costa (3.ª vez) José Norton de Matos (interino) Afonso Costa (3.ª vez; continuação) José Norton de Matos (interino) Junta Revolucionária Sidónio Pais (Pres. Ministério; depois Pres. República) Governo João do Canto e Castro (inicialmente interino; depois Pres. República) João Tamagnini Barbosa José Relvas Domingos Pereira Alfredo de Sá Cardoso Francisco Fernandes Costa (não empossado) Alfredo de Sá Cardoso (reconduzido) Domingos Pereira (2.ª vez) António Maria Baptista José Ramos Preto (inicialmente interino) António Maria da Silva António Granjo Álvaro de Castro Liberato Pinto Bernardino Machado (2.ª vez) Tomé de Barros Queirós António Granjo (2.ª vez) Ministério Manuel Maria Coelho Carlos Maia Pinto Francisco da Cunha Leal António Maria da Silva (2.ª vez) António Ginestal Machado • Álvaro de Castro (2.ª vez) Alfredo Rodrigues Gaspar José Domingues dos Santos Vitorino Guimarães António Maria da Silva (3.ª vez) Domingos Pereira (3.ª vez) António Maria da Silva (4.ª vez)

Bandeira do presidente do Ministério
« Monarquia Constitucional
Segunda República »
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António José de Almeida Bernardino Machado (interino) António José de Almeida (continuação) João Chagas Silvestre Falcão Alberto da Silveira (interino) Silvestre Falcão (continuação) Duarte Leite Augusto de Vasconcelos (interino) Duarte Leite (continuação) Rodrigo Rodrigues Bernardino Machado Alexandre Braga Joaquim Pimenta de Castro (interino) Pedro Gomes Teixeira Junta Constitucional João Chagas (não empossado) José de Castro (interino) José Augusto Ferreira da Silva • João Catanho de Meneses Artur de Almeida Ribeiro António Pereira Reis • Brás Mousinho de Albuquerque António José de Almeida (interino) Brás Mousinho de Albuquerque (continuação) Artur de Almeida Ribeiro (2.ª vez) Junta Revolucionária António Machado Santos Henrique Forbes de Bessa • João Tamagnini Barbosa António Bernardino Ferreira • João Tamagnini Barbosa (2.ª vez) José Relvas Domingos Pereira António Maria Baptista (interino) Domingos Pereira (continuação) Alfredo de Sá Cardoso António Granjo (não empossado) Alfredo de Sá Cardoso (reconduzido) Domingos Pereira (2.ª vez) António Maria Baptista José Ramos Preto (interino) João Pedroso de Lima • António Granjo (interino) Felisberto Pedrosa Álvaro de Castro Liberato Pinto Bernardino Machado (2.ª vez) Abel Hipólito António Granjo (2.ª vez) Manuel Maria Coelho Carlos Maia Pinto Francisco da Cunha Leal António Maria da Silva António Ginestal Machado • Alfredo de Sá Cardoso (2.ª vez) Alfredo Rodrigues Gaspar José Domingues dos Santos Vitorino Henriques Godinho Germano Martins • Domingos Pereira (3.ª vez) António Maria da Silva (2.ª vez)

Bandeira ministerial portuguesa
« Monarquia Constitucional
Segunda República »
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Bernardino Machado João Chagas (interino) Augusto de Vasconcelos António Vicente Ferreira (interino) Augusto de Vasconcelos (continuação) António Macieira Afonso Costa (interino) António Macieira (continuação) Bernardino Machado (2.ª vez; interino) Alfredo Augusto Freire de Andrade Augusto Vieira Soares • Joaquim Pimenta de Castro (interino) José Jerónimo Rodrigues Monteiro Teófilo da Trindade José Xavier de Brito (interino) Teófilo da Trindade (continuação) Junta Constitucional Augusto Alves da Veiga (não empossado) Francisco Teixeira de Queirós Augusto Vieira Soares (2.ª vez) José Maria Norton de Matos (interino) Augusto Vieira Soares (2.ª vez; continuação) José Maria Norton de Matos (interino) Augusto Vieira Soares (2.ª vez; continuação) Alexandre Braga (interino) Augusto Vieira Soares (2.ª vez; continuação) Ernesto de Vilhena (interino) Junta Revolucionária Sidónio Pais Francisco Xavier Esteves (interino) Joaquim do Espírito Santo Lima • António Egas Moniz João do Canto e Castro (interino) António Egas Moniz (continuação) João Alberto de Azevedo Neves (interino) Francisco Couceiro da Costa (interino) José Relvas (interino) Francisco Couceiro da Costa (interino; continuação) Rodolfo Xavier da Silva Alfredo de Sá Cardoso (interino) João de Melo Barreto Francisco Fernandes Costa (não empossado; interino) João de Melo Barreto (reconduzido) Rodolfo Xavier da Silva (2.ª vez) Vasco Borges (interino) Rodolfo Xavier da Silva (2.ª vez cont.) Francisco António Correia • João de Melo Barreto (2.ª vez) Hélder Ribeiro (interino) João de Melo Barreto (2.ª vez; continuação) Domingos Pereira João de Melo Barreto (3.ª vez) António Ginestal Machado (interino) Alberto da Veiga Simões Júlio Dantas José Maria Barbosa de Magalhães Vítor Hugo de Azevedo Coutinho (interino) José Maria Barbosa de Magalhães (continuação) Vítor Hugo de Azevedo Coutinho (interino) José Maria Barbosa de Magalhães (continuação) Domingos Pereira (2.ª vez) Júlio Dantas (2.ª vez) Domingos Pereira (3.ª vez) Vitorino Henriques Godinho João de Barros • Joaquim Pedro Martins Albano Portugal Durão António do Lago Cerqueira (interino) Vasco Borges (2.ª vez)

Bandeira ministerial portuguesa
« Monarquia Constitucional
Segunda República »
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António de Sousa Júnior José Sobral Cid Frederico Ferreira de Simas Joaquim Pimenta de Castro (interino) Manuel Goulart de Medeiros Junta Constitucional José de Castro (não empossado) Sebastião de Magalhães Lima José de Castro (interino) João Lopes Martins Frederico Ferreira de Simas (2.ª vez) Joaquim Pedro Martins António José de Almeida (interino) Joaquim Pedro Martins (continuação) José Maria Barbosa de Magalhães Artur de Almeida Ribeiro (interino) José Maria Barbosa de Magalhães (continuação) Junta Revolucionária Alfredo Magalhães Domingos Pereira Leonardo Coimbra Joaquim José Oliveira Afonso Pinto Veloso (não empossado) Joaquim José Oliveira (reconduzido) João de Deus Ramos Vasco Borges Augusto Nobre Francisco Velhinho Correia (interino) Artur Octávio do Rego Chagas Felisberto Pedrosa (interino) Júlio Dantas Augusto Nobre (2.ª vez) Júlio Martins Tomé de Barros Queirós (interino) António Ginestal Machado • António Alberto Torres Garcia (não empossado) Manuel de Lacerda de Almeida Francisco Alberto da Costa Cabral Alberto Rocha Saraiva Augusto Nobre (3.ª vez) Leonardo Coimbra (2.ª vez) João Camoesas António Maria da Silva (interino) João Camoesas (continuação) Manuel de Melo e Simas António Sérgio Hélder Ribeiro António de Abranches Ferrão António de Sousa Júnior (2.ª vez) Rodolfo Xavier da Silva Eduardo Santos Silva João Camoesas (2.ª vez) Eduardo Santos Silva (2.ª vez)

Bandeira ministerial portuguesa
« Monarquia Constitucional
Segunda República »
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31.º governo republicano (1921)
Presidente do Ministério
António Granjo Totalidade dos membros do ministério interinos
António Granjo, 81.º chefe de governo de Portugal
Ministros
Interior
Justiça e dos Cultos
Finanças
Guerra
António Maria de Freitas Soares
Marinha
Negócios Estrangeiros
João de Melo Barreto António Ginestal Machado interino
Comércio e Comunicações
Colónias
Manuel Ferreira da Rocha
Instrução Pública
António Ginestal Machado
Trabalho
Júlio Erensto de Lima Duque
Agricultura
← 30.º governo (1921) • 32.º governo (1921) →
  • v
  • d
  • e
38.º governo republicano (1923)
Presidente do Ministério
António Ginestal Machado
António Ginestal Machado, 86.º chefe de governo de Portugal
Ministros
Interior
António Ginestal Machado
Justiça e dos Cultos
Artur Lopes Cardoso
Finanças
Guerra
Marinha
Joaquim Júdice Biker
Negócios Estrangeiros
Comércio e Comunicações
Pedro Pita
Colónias
Instrução Pública
Trabalho
Pedro Pita interino
Agricultura
← 37.º governo (1922–1923) • 39.º governo (1923–1924) →