Algoritmo de Prim
Na ciência da computação o algoritmo de Prim é um algoritmo guloso (greedy algorithm) empregado para encontrar uma árvore geradora mínima (minimal spanning tree) num grafo conectado, valorado e não direcionado. Isso significa que o algoritmo encontra um subgrafo do grafo original no qual a soma total das arestas é minimizada e todos os vértices estão interligados. O algoritmo foi desenvolvido em 1930 pelo matemático Vojtěch Jarník e depois pelo cientista da computação Robert Clay Prim em 1957 e redescoberto por Edsger Dijkstra em 1959.
Outros algoritmos conhecidos para encontrar árvores geradoras mínimas são o algoritmo de Kruskal e algoritmo de Boruvka, sendo que este último pode ser empregado em grafos desconexos, enquanto o algoritmo de Prim e o Algoritmo de Kruskal precisam de um grafo conexo.
Descrição
O algoritmo de Prim encontra uma árvore geradora mínima para um grafo desde que ele seja valorado e não direcionado. Por exemplo, se na figura 1 os vértices deste grafo representassem cidades e as arestas fossem estradas de terra que interligassem estas cidades, como poderíamos determinar quais estradas asfaltar gastando a menor quantidade de asfalto possível para interligar todas as cidades. O algoritmo de Prim neste caso fornecerá uma resposta ótima para este problema que não necessariamente é única. A etapa f) da figura 1 demonstra como estas cidades devem ser conectadas com as arestas em negrito.
Algoritmo genérico
Um algoritmo genérico para o algoritmo de Prim é dado da seguinte forma:
- Escolha um vértice S para iniciar o subgrafo
- enquanto houver vértices que não estão no subgrafo
- selecione uma aresta segura
- insira a aresta segura e seu vértice no subgrafo
- enquanto houver vértices que não estão no subgrafo
Pseudocódigo
prim(G) # G é grafo # Escolhe qualquer vértice do grafo como vértice inicial/de partida s ← seleciona-um-elemento(vertices(G)) para todo v ∈ vertices(G) π[v] ← nulo Q ← {(0, s)} S ← ø enquanto Q ≠ ø v ← extrair-mín(Q) S ← S ∪ {v} para cada u adjacente a v se u ∉ S e pesoDaAresta(π[u]→u) > pesoDaAresta(v→u) Q ← Q \ {(pesoDaAresta(π[u]→u), u)} Q ← Q ∪ {(pesoDaAresta(v→u), u)} Q <- Q u {pesoDaArest(v->)%2, Q++} π[u] ← v print(Pronto) retorna {(π[v], v) | v ∈ vertices(G) e π[v] ≠ nulo}
π[v] indica o predecessor de v. Após o término do algoritmo, para cada v pertencente aos vértices de G, π[v]→v representa uma aresta selecionada para a árvore geradora mínima se π[v] ≠ nulo. O algoritmo retorna o conjunto dessas arestas, formado pelos pares (π[v], v). Q é um conjunto de pares (peso, vértice). O método extrair-mín(Q) deve extrair o menor elemento de Q; um par (a,b) é menor que um par (c,d) se a < c ou se a = c e b < d. S é um conjunto que armazena os vértices cujas adjacências já foram analisadas.
Complexidade
A complexidade do algoritmo de Prim pode mudar de acordo com a estrutura de dados utilizada para representar o grafo. As implementações mais comuns para um grafo são por listas de adjacência e por matrizes de adjacência e suas respectivas complexidades e no pior caso.
Exemplo de execução
Repare neste exemplo de execução do algoritmo como as arestas são escolhidas para entrar no subgrafo. O conjunto V\U são os vértices que ainda não entraram no subgrafo, o conjunto U são os vértices que já estão no subgrafo, as arestas possíveis é uma lista de arestas que poderiam ser incluidas no subgrafo, pois conectam vértices contidos no subgrafo com os que ainda não estão e as arestas incluídas são aquelas que já estão no subgrafo. Dessa maneira e segundo o algoritmo genérico dado acima, para escolhermos uma aresta segura devemos observar o conjunto de arestas possíveis e selecionar aquelas que não formam ciclos com o subgrafo até então formado e cujo peso é o mínimo possível naquele momento. Se uma aresta apresentar todos estes quesitos podemos considerá-la uma aresta segura.
Imagem | Arestas incluídas no subgrafo | U | Arestas possíveis | V \ U | Descrição |
---|---|---|---|---|---|
{} | {} | {A,B,C,D,E,F,G} | Este é o grafo original. Os números próximos das arestas significam o seu peso. | ||
{DA} | {D} | {D,A} = 5V {D,B}=9 {D,E}=15 {D,F}=6 | {A,B,C,E,F,G} | O vértice D foi escolhido como ponto inicial do algoritmo. Vértices A, B, E e F estão conectados com D através de uma única aresta. A é o vértice mais próximo de D e, portanto a aresta AD será escolhida para formar o subgrafo. | |
{DA, DF} | {A,D} | {D,B}=9 {D,E}=15 {D,F}=6V {A,B}=7 | {B,C,E,F,G} | O próximo vértice escolhido é o mais próximo de D ou A. B está a uma distância 9 de D, E numa distância 15 e F numa distância 6. E A está a uma distância de 7 de B. Logo devemos escolher a aresta DF, pois é o menor peso. | |
{DA, DF, AB} | {A,D,F} | {D,B}=9 {D,E}=15 {A,B}=7V {F,E}=8 {F,G}=11 | {B,C,E,G} | Agora devemos escolher o vértice mais próximo dos vértices A, D ou F. A aresta em questão é a aresta AB. | |
{DA, DF, AB, BE} | {A,B,D,F} | {B,C}= 8 {B,E}=7V {D,B}=9ciclo {D,E}=15 {F,E}=8 {F,G}=11 | {C,E,G} | Agora podemos escolher entre os vértices C, E, e G. C está a uma distância de 8 de B, E está a uma distância 7 de B e G está a 11 de F. E é o mais próximo do subgrafo e, portanto escolhemos a aresta BE. | |
{DA, DF, AB, BE, EC} | {A,B,D,E,F} | {B,C}=8 {D,B}=9ciclo {D,E}=15ciclo {E,C}=5V {E,G}=9 {F,E}=8 ciclo {F,G}=11 | {C,G} | Restam somente os vértices C e G. C está a uma distância 5 de E e de G a E 9. C é escolhido, então a aresta EC entra no subgrafo construído. | |
{DA, DF, AB, BE, EC, EG} | {A,B,C,D,E,F} | {B,C}=8ciclo {D,B}=9ciclo {D,E}=15ciclo {E,G}=9V {F,E}=8ciclo {F,G}=11 | {G} | Agora só resta o vértice G. Ele está a uma distância de 11 de F, e 9 de E. E é o mais próximo, então G entra no subgrafo conectado pela aresta EG. | |
{DA, DF, AB, BE, EC, EG} | {A,B,C,D,E,F,G} | {B,C}=8 ciclo {D,B}=9 ciclo {D,E}=15 ciclo {F,E}=8 ciclo {F,G}=11 ciclo | {} | Aqui está o fim do algoritmo e o subgrafo formado pelas arestas em verde representam a árvore geradora mínima. Nesse caso esta árvore apresenta a soma de todas as suas arestas o número 39. |
Implementações
Implementação em C
int primMST(LAdj *g, int p[], int w[]) { int i, imin, v, r=0, cor[g->nvert]; Nodo *aux; int fsize=0, fringe[g->nvert]; // ORLA (stack de vértices) // Inicializações... for (i=0; i<g->nvert; i++) { p[i] = -1; cor[i] = BLACK; } cor[0] = GREY; w[0] = 0; fringe[fsize++] = 0; //f = addV(f, 0, 0); //ciclo principal... while (fsize>1) { // Retirar melhor elemento da orla ("f = nextF(f, &v);"): // (1) encontrar mínimo imin = 0; for (i=1; i<fsize; i++) if (w[fringe[imin]] < w[fringe[i]]) imin = i; // (2) remover elemento v = fringe[imin]; fringe[imin] = fringe[++fsize]; // FIM DE "retirar" cor[v] = BLACK; r += w[v]; for (aux=g->adj[v]; aux; aux=aux->prox) switch (cor[aux->dest]) { case WHITE: cor[aux->dest] = GREY; fringe[fsize++] = aux->dest; //f = addV(f, aux->dest, aux->peso); w[aux->dest] = aux->peso; p[aux->dest] = v; break; case GREY: if (aux->peso > w[aux->dest]) { //f = updateV(f, aux->dest, aux->peso); p[aux->dest] = aux->peso; w[aux->dest] = v; } default: break; } } return r; }
Implementação em Python
A implementação a seguir usa uma lista de adjacência para representar o grafo. A complexidade de tempo é . Uma função adicional, primDesconexo, resolve o problema para grafos desconexos, sem alterar a complexidade de tempo do algoritmo.
# Implementacao do algoritmo de Prim O(E log V) em Python # Note que a unica funcao que representa a implementacao do algoritmo eh a funcao prim(graph,Vi=0,edge=[],vis=[]) # A funcao add_edge eh apenas auxiliar, e a funcao primDesconexo(graph) eh um adicional, e nao costuma sequer ser # implementada para o algoritmo de Prim (pois no caso de um grafo ser desconexo, Kruskal eh a solucao ideal). from heapq import heappop, heappush MAXV = 1000 # numero de vertices no grafo graph = [[] for x in xrange(MAXV)] def add_edge(v, u, w): graph[v].append((u,w)) graph[u].append((v,w)) # considera que o grafo eh nao direcionado # Se o grafo for totalmente conectado, Vi pode receber qualquer vertice sem diferenca no peso total da arvore gerada # Se o grafo for desconexo, apenas a parte conectada a Vi tera sua arvore geradora minima calculada # O retorno eh uma lista de tuplas edge[v]=(w,u), que representa, para cada v, a aresta u->v com peso w, usada para # conectar a sub-arvore de v a sub-arvore de u na arvore geradora minima def prim(graph, Vi=0, edge=[], vis=[]): # edge[v] = (pesoDaAresta(u->v), u) # Se edge[] ou vis[] nao tiverem sido gerados ainda, geramos. Geralmente esta condicao nao existe, e ambas as listas # sao geradas dentro do proprio prim; porem, para manter o primDesconexo em O(V + E log V), permitimos que sejam # passadas pelos parametros da funcao. if edge == []: edge = [(-1,-1)] * len(graph) if vis == []: vis = [False] * len(graph) edge[Vi] = (0,-1) heap = [(0,Vi)] while True: v = -1 while len(heap) > 0 and (v < 0 or vis[v]): v = heappop(heap)[1] if v < 0 or edge[v][0] < 0: break vis[v] = True for (u, w) in graph[v]: if edge[u][0] < 0 or edge[u][0] > w: edge[u] = (w, v) heappush(heap, (edge[u][0],u)) return edge # Se o grafo for desconexo, pode-se usar: def primDesconexo(graph): edge = [(-1,-1)] * len(graph) vis = [False] * len(graph) for i in xrange(len(graph)): if edge[i][0] == -1: prim(graph, i, edge, vis) return edge
Implementação em PHP
$origem = array( 1 => 1,1,2,2,2,3,4,4,5); $destino = array( 1 => 2,3,3,4,5,5,6,5,6); $custo = array( 1 => 1,3,1,2,3,2,3,-3,2); $nos = 6; $narcos = 9; // Define o infinito como sendo a soma de todos os custos $infinito = array_sum($custo); // Imprimindo origem destino e custo echo utf8_decode("Grafo:<br>"); for($i =1 ; $i <= count($origem) ; $i++) { echo utf8_decode("$origem[$i] $destino[$i] $custo[$i]<br>"); } // ------ Passo inicial // Seta os valores de T for($i =1 ; $i <= 6 ; $i++) { if($i == 1) { $t[$i] = $i; } else { $t[$i] = "nulo"; } } // Seta os valores de V for($i =1 ; $i <= 6 ; $i++) { if($i == 1) { $v[$i] = "nulo"; } else { $v[$i] = $i; } } echo utf8_decode("Início"); echo utf8_decode("<br> T: "); print_r($t); echo utf8_decode("<br> V: "); print_r($v); echo utf8_decode("<br>"); // ------ Fim do passo inicial $total_nos = count($origem); for($x =1 ; $x <= ($nos-1) ; $x++) { // Verifica origem -> destino $minimo1 = $infinito; for($i =1 ; $i <= $narcos ; $i++) { for($j =1 ; $j <= $nos ; $j++) { if($origem[$i] == $t[$j]) { for($k =1 ; $k <= $nos ; $k++) { if($destino[$i] == $v[$k]) { if($custo[$i] < $minimo1) { $minimo1 = $custo[$i]; $aux1 = $i; } } } } } } // Verifica destino -> origem $minimo2 = $infinito; for($i =1 ; $i <= $narcos ; $i++) { for($j =1 ; $j <= $nos ; $j++) { if($destino[$i] == $t[$j]) { for($k =1 ; $k <= $nos ; $k++) { if($origem[$i] == $v[$k]) { if($custo[$i] < $minimo2) { $minimo2 = $custo[$i]; $aux2 = $i; } } } } } } if($minimo2 < $minimo1) { $cont = 1; $minimo = $minimo1; $aux = $aux1; echo utf8_decode("<br> Aresta ($origem[$aux],$destino[$aux]) escolhida de custo $custo[$aux]"); } else { $minimo = $minimo2; $aux = $aux2; echo utf8_decode("<br> Aresta ($destino[$aux],$origem[$aux]) escolhida de custo $custo[$aux]"); $cont = 2; } if($cont == 1) { $t[$destino[$aux]] = $destino[$aux]; $v[$destino[$aux]] = "nulo"; } else { $t[$origem[$aux]] = $origem[$aux]; $v[$origem[$aux]] = "nulo"; } echo utf8_decode("<br> ".$x."° iteração"); echo utf8_decode("<br> T: "); print_r($t); echo utf8_decode("<br> V: "); print_r($v); }
Referências
Bibliografia
- Cormen, Thomas; Leiserson, Charles; Rivest, Ronald; Stein, Clifford (2001). «23». Introduction to Algorithms (em inglês) 2 ed. [S.l.]: MIT Press and McGraw-Hill. ISBN 0-262-03293-7 A referência emprega parâmetros obsoletos
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(ajuda)
Ligações externas
- Algoritmo de Prim
- Exemplo animado de um algoritmo de Prim
- Demonstração em Python de uma árvore mínima
- Implementção em Java do algoritmo de Prim
- Implementação em C# do algoritmo de Prim
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